A Rússia advertiu, esta segunda-feira, que não há vencedores numa guerra atómica, depois de o Presidente dos Estados Unidos ter anunciado a mobilização de dois submarinos nucleares em resposta a uma alegada ameaça russa.
"Numa guerra nuclear não há vencedores", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitry Peskov na conferência de imprensa telefónica diária, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Peskov pediu cautela nas declarações sobre arsenais nucleares.
"Pensamos que toda a gente deve ter muito cuidado com o que diz sobre a questão nuclear", afirmou Peskov, também citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Donald Trump anunciou na sexta-feira a deslocação de dois submarinos nucleares para "zonas apropriadas", que não especificou, em resposta a "comentários provocatórios" do antigo presidente russo Dmitri Medvedev.
A ordem de Trump foi dada um dia depois de Medvedev o ter criticado por ter feito um ultimato a Moscovo para acabar com a guerra contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2023.
Medvedev considerou o ultimato como "uma ameaça e um passo para a guerra" com os Estados Unidos e advertiu Washington de que a Rússia "não era Israel, nem tão pouco o Irão".
Trump disse que ordenou o posicionamento dos submarinos para o caso de as "declarações idiotas e inflamatórias" de Medvedev serem mais do que meras palavras.
"As palavras são importantes e podem muitas vezes ter consequências inesperadas, espero que não seja esse o caso desta vez", afirmou, sem esclarecer se os submarinos seriam movidos a energia.
Inicialmente conciliador com o homólogo russo, Vladimir Putin, Trump ameaçou impor novas sanções contra a Rússia se Moscovo não aceitar uma trégua na Ucrânia até 9 de agosto.
Apesar do aumento das tensões, Trump anunciou a visita do enviado presidencial Steve Witkoff a Moscovo na quarta ou na quinta-feira.
Dmitri Peskov comentou que a visita do enviado especial de Trump será "importante e útil".
"Estamos sempre satisfeitos por ver o senhor Witkoff em Moscovo e estamos sempre satisfeitos por estar em contacto com ele", disse, admitindo que um encontro com Putin não estava fora de questão.
Peskov reafirmou que Moscovo pretende "resolver o problema da Ucrânia através de meios diplomáticos e políticos".
Putin já se encontrou com Witkoff em várias ocasiões em Moscovo, mas os esforços de Trump para restabelecer o diálogo com o Kremlin não deram frutos.