Há estudantes ucranianos que só este mês voltaram a ter aulas presenciais. A SIC esteve numa dessas escolas, em Mykolaiv, no sul da Ucrânia. Esta escola foi construída no subsolo, num abrigo, para proteger os alunos dos ataques.
Ainda há poucos meses, foi lançada uma bomba de fragmentação sobre Mykolaiv. Um dos muitos explosivos que este tipo de bomba largam no ar caiu no recreio desta escola e ninguém se apercebeu. Este tipo de incidentes ocorreu duas vezes em pouco tempo, embora no momento só estivessem no interior da escola professores e funcionários.
A cidade de Mykolaiv fica muito perto da zona de Kherson, que está ocupada pelas forças russas. Devido à proximidade com a linha da frente, a cidade está sujeita a uma ameaça mais frequente. Por isso, os alunos desta escola só voltaram a ter aulas presenciais este mês, mais de três anos depois do início da guerra.
Um plano B
Este regresso às aulas presenciais foi possível graças à criação de um plano B: uma escola subterrânea. As aulas decorrem nas salas normais, mas sempre que soam as sirenes, os 440 alunos são rapidamente encaminhados para o andar de baixo, onde podem continuar as aulas em segurança.
Cada aluno teve de trazer, no primeiro dia de aulas, uma mochila que fica sempre na escola, preparada para ficar várias horas no abrigo, se necessário. Algumas dessas mochilas ficam guardadas dentro de bancos especialmente projetados para o efeito.
Além dos materiais escolares, as mochilas contêm os dados pessoais do aluno e da sua família, bem como uma fotografia, tudo pensado para garantir a segurança e o bem-estar dos estudantes, caso sejam necessários tempos prolongados de permanência no abrigo.
Vários desafios ao longo destes três anos
Ao longo destes anos, os professores enfrentaram dois grandes desafios: conseguir manter a estabilidade emocional das crianças e conseguir dar aulas à distância, mesmo com os constantes alertas de ataques.
A escola subterrânea demorou sete meses a ser construída e foi financiada por várias instituições e fundações, tanto nacionais como internacionais. Centenas de escolas em toda a Ucrânia estão a implementar medidas semelhantes para garantir a continuidade do ensino em tempos de guerra.