"Este é um território mais ou menos seguro. Não estamos muito longe da zona de guerra, estamos a 14 quilómetros e alguns rockets sobrevoam esta zona mas as pessoas adaptam-se." disse Georgiy Molchanov, produtor de vinho, à SIC.
Foi o que Georgiy e o pai fizeram. São donos de sete hectares de vinha às portas de Mykolaiv. Pararam a produção nos meses em que os russos estiveram aqui mesmo ao fundo, do outro lado do rio.
Mesmo depois do recuo das tropas evitaram vir aqui durante mais seis meses porque podia haver explosivos nos terrenos. Tiveram de chamar as equipas de desminagem para retirar todos os vestígios de guerra, mas houve um que ficou.
Uma estrutura de uma bomba de fragmentação. Ao aproximar-se desta zona libertou uma zona de explosivos. Foi lançada pelos russos em março de 2022 quando se tentavam aproximar de Odessa. A estrutura ficou enterrada desde então no meio da vinha. E isso iria destruir parte da vinha. Por isso, Georgiy prefere manter como está.
Depois da desminagem foram começando o trabalho, mas com muitas dificuldades. Desde o início da guerra que as dificuldades para os agricultores se têm acumulado. Desde problemas com combustível, com água, com uma logística mais complexa, com o preço dos materiais e agora, este ano, com a falta de mão de obra. Muitos dos homens que trabalhavam nesta vinha foram chamados para combater
Tem sido, ainda, difícil arranjar mulheres para a vindima, antes era tudo mais fácil. A guerra fez o mercado do vinho colapsar, mesmo assim, diz que continua a haver procura também por causa dos deslocados internos que vieram de Kherson para a região vizinha. Sabem que ainda pode demorar, mas acreditam que um dia ainda vão poder voltar a viver como dantes.