Incêndios em Portugal

Fogo em Murça lavra "com muita intensidade", autoridades preparadas para retirar pessoas

Incêndio avançou para o concelho de Vila Pouca de Aguiar.

Fogo em Murça lavra "com muita intensidade", autoridades preparadas para retirar pessoas
Raymond Gehman

O município de Murça, no distrito de Vila Real, está preparado para retirar pessoas, se for necessário, já que o incêndio que se iniciou domingo à tarde no concelho lavra "com muita intensidade", colocando a aldeia de Vilares em risco.

"Estamos preparados para isso, não sei se vai acontecer, mas estamos preparados" para retirar pessoas, disse domingo à noite à Lusa o presidente da Câmara de Murça, Mário Artur.

O incêndio avançou para o concelho de Vila Pouca de Aguiar, onde apresenta uma frente de vários quilómetros, ameaçando várias instalações agrícolas e, por proximidade, as aldeias de Reboredo e Vales, lê-se na página do município no Facebook.

A informação adianta que foram solicitados reforços ao Comandante Distrital de Operações de Socorro de Vila Real, uma vez que "os únicos [bombeiros] presentes são da corporação de Vila Pouca de Aguiar", tendo Miguel Fonseca referido, num contacto com o presidente do município, que "haveria equipas em deslocação" para o concelho.

Miguel Fonseca disse à Lusa que Murça e Vila Pouca de Aguiar são incêndios contíguos, o que é "muito preocupante, porque está a arder uma grande área de povoamento florestal, pinhal adulto, e algum mato", com "uma violência enorme de condições meteorológicas, particularmente de vento".

Segundo disse, estão a ser reforçados meios em Murça e em Vila Pouca de Aguiar, a nível regional e nacional, mas admitiu que "leva tempo, devido às ocorrências de grande dimensão que estão a absorver muitos meios".

Vários incêndios

Num balanço dos incêndios no distrito, feito domingo à noite, Miguel Fonseca salientou os três que lavraram em simultâneo durante a tarde: Bustelo e Soutelinho da Raia, em Chaves, e Murça/Vila Pouca de Aguiar (duas ocorrências, mas que ardem muito próximas).

Sobre o incêndio em Bustelo, o comandante salientou o facto de estar a ser combatido há três dias, sendo "uma ocorrência bastante cansativa, desafiante, devido à violência das condições meteorológicas que se concentraram e que fizeram com que o fogo reativasse" no sábado.

"Hoje [domingo] , esteve 90% do perímetro dominado e conseguimos até meio da tarde debelar mais de 30 reativações", apesar de o perímetro do incêndio ser "enorme", acrescentou, salientando o facto de duas ativações terem ocorrido, em simultâneo, com os incêndios em Murça e Soutelinho.

"Ainda estamos a defender as habitações e estamos a voltar a replanear a intervenção e empenhamento que vamos fazer nas frentes de incêndio", declarou.

Segundo o comandante distrital, "as localidades começam a estar neste momento mais desafogadas das frentes de incêndio" e está a ser definido o planeamento para a atuação durante a noite.

No incêndio de Soutelinho, que esteve também "complicado", dada a dificuldade em "disponibilizar recursos, tendo em conta o grande empenhamento que há em Bustelo e Murça", o combate está agora a correr favoravelmente, não sendo precisos mais meios, disse.

O comandante realçou o comportamento da população, destacando o facto de, em algumas situações, se ter juntado em locais mais protegidos, o que revela "uma cultura de segurança diferente".

O comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), André Fernandes, disse domingo, às 20:00, que os três incêndios "mais preocupantes" no país lavravam nos concelhos do Fundão, Murça e Chaves (Bustelo).

André Fernandes, que falava no habitual encontro com os jornalistas, na sede da ANEPC, em Carnaxide, Oeiras, acrescentou que os restantes dois incêndios significativos eram os de Baião (distrito do Porto) e outro que lavra no concelho de Chaves (Vila Real) e que teve início na freguesia de Calvão e Soutelinho da Raia.

Às 00:00, segundo os dados da página da ANEPC, o incêndio no concelho de Murça mobilizava 152 operacionais e 51 viaturas.