O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses considera que Portugal pode estar a viver uma situação idêntica a 2017, “do ponto de vista emocional das populações”. Em direto na SIC Notícias, António Nunes sublinhou que é esperado haver muitas habitações destruídas, assim como algumas indústrias.
“Não vai haver capacidade para fazer combate direto aos três maiores incêndios”, declara o presidente da Liga, que também afirma que não serão os meios aéreos de combate ao fogo enviados por outros países europeus que vão pôr fim ao problema.
“Não se imagine que são estes oito aviões que nos vão resolver estes sete ou oito incêndios complicados que temos em Portugal”, atirou.
António Nunes teme, sobretudo, uma situação complicada se o incêndio de Oliveira de Azeméis se juntar ao de Albergaria-a-Velha. “Um incêndio que puxa incêndio”, diz, lembrando que se trata de um fenómeno que “já aconteceu em Pedrógão Grande” e que “gerou situações incontroláveis”.
“Hoje há uma capacidade para evacuação que não havia”
Ainda assim, o presidente da Liga dos Bombeiros considera que há avanços em relação a 2017, pelo que haverá menos consequências a nível de vítimas mortais.
“Hoje há uma capacidade para evacuação que não havia, melhorámos nesse aspeto”, sublinha.
De qualquer modo, António Nunes deixe críticas à forma de organização do sistema de proteção e socorro, que, defende, “não é a melhor”.
O presidente da Liga dos Bombeiros considera que os bombeiros devem ter comando operacional autónomo, a Proteção Civil a coordenação estratégica, existindo um fortalecimento dos serviços municipais.
“Há uma cadeia hierárquica e administrativa demasiado longa”
Quando os municípios não conseguem ser autónomos, sustenta o presidente da Liga dos Bombeiros, deveriam recorrer para o nível distrital, mas esse, afirma, “desapareceu”, com a reorganização feita recentemente, que passou a dividir os níveis de resposta por sub-região.
“Há uma dispersão e uma cadeia hierárquica, eventualmente uma cadeia administrativa, demasiado longa”, critica António Nunes, que pede um combate aos incêndios mais eficaz e uma proteção mais preventiva.
“Não se pode repetir erros. Se tivermos uma aldeia a caminho de um acidente, amanhã ou depois, vamos ficar tristes porque não fizemos tudo o que devíamos”, declara.