Isabel Mesquita, psicóloga, membro da Sociedade Portuguesa de Psicossomática e professora da Universidade de Évora, explica que em situações avassaladoras como grandes incêndios florestais é importante escutar as vítimas e validar o seu sofrimento.
“Em situações muito avassaladoras, imediatamente, não há muito que se possa fazer a não ser validar estes sofrimentos, escutar, permitir que pessoas manifestem a sua dor”, afirma.
A psicóloga considera que pode ser negativo as pessoas “negarem a realidade" e quererem avançar logo com a vida. Como podemos lidar com a situação? Enfrentando-a, defende.
“O que é possível fazer é a contenção do sofrimento, evitar que se desorganizem mais. O rescaldo da situação é que indicará como é que vão integrar o sofrimento no decurso da sua vida”, refere.
As pessoas próximas das vítimas dos incêndios devem “acompanhá-las” e estarem atentas. É preciso "dar lugar ao sofrimento”, que é “natural” nestas situações, assinala Isabel Mesquita.
Para as pessoas idosas é sobretudo doloroso pela “idade, pela condição e por terem menos resiliência".
Contudo, a também professora universitária defende que a empatia e o sentimento coletivo de tristeza e preocupação pode ser positivo.
Questionada sobre o que é a piromania, a psicóloga explica que é uma condição patológica em que a pessoa sente “gozo ao ver destruição e o sofrimento dos outros”. Cada pessoa terá a “sua história” que leva a que tenha esse comportamento desajustado.
“São situações muito complicadas de lidar”, assinala.
Sete pessoas morreram e 177 ficaram feridas devido aos incêndios que atingiram desde domingo, sobretudo, as regiões Norte e Centro do país e destruíram dezenas de casas.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 124 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 116 mil hectares, 93% da área ardida em todo o território nacional.
Com Lusa