Incêndios em Portugal

Ministra diz que mais de um terço dos fogos deste ano tiveram como origem "incendiarismo"

No Parlamento, a ministra disse que o incendiarismo por imputáveis esteve na origem de um terço dos fogos deste ano, sendo responsáveis por 79.118 hectares de área ardida.

Ministra diz que mais de um terço dos fogos deste ano tiveram como origem "incendiarismo"
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/Lusa

Mais de um terço dos incêndios florestais registados este ano tiveram como causa o incendiarismo, avançou esta quarta-feira a ministra da Administração Interna, revelando que só no distrito de Viseu arderam quase 50.000 hectares.

Na Comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, Margarida Blasco disse aos deputados que neste momento existe "um pré-levantamento de como foram e por quem foram praticados os crimes de fogo posto".

Segundo a ministra, 35% dos fogos registados este ano e até 07 de outubro tiveram como causa o incendiarismo por imputáveis e foram responsáveis por 79.118 hectares de área ardida.

Além desses, 28% dos incêndios, que corresponderam a 20.950 hectares, tiveram como origem queimas e queimadas; 15% foram acidentais e 9% reacendimentos.

A governante indicou também que o distrito com maior número de incêndios florestais este ano foi o Porto, num total de 1.390.

Em relação à área ardida, acrescentou, Viseu foi o distrito com mais área queimada, com 49.558 hectares, seguido de Aveiro (cerca de 27 mil hectares) e Porto (20.217) hectares.

"Estes são dados provisórios que estão ainda em pré-validação no sentido de confirmação total", disse a ministra, referindo que, perante estes dados, "pretende-se fazer uma investigação no sentido de se ver em que termos estes números existem, qual a intenção, se foi dolo ou com negligência".

Nesse sentido, a ministra disse ainda que foi constituída uma equipa pluridisciplinar que inclui a PSP e a GNR, que fazem as ações de proximidade e vigilância, e a Polícia Judiciária.

Na audição pedida pelo PS e PCP, Margarida Blasco não avançou qual o total da área ardida este ano.

Ministra recusa responder a deputados sobre fogos de setembro por não serem motivo da audição

Segundo o sistema europeu Copernicus, os incêndios florestais da terceira semana de setembro consumiram cerca de 135.000 hectares, elevando a área ardida este ano em Portugal para quase 147.000 hectares, a terceira maior da década.

Contudo, durante a audição, a ministra da Administração Interna recusou responder aos deputados sobre esses incêndios florestais, alegando que esse não era o motivo da audição parlamentar pedida pelo PS e PCP.

"As questões [colocados pelo deputados] saem um pouco do âmbito desta interpelação" e "não vou responder às perguntas porque se cingem a matérias que não estavam nos requerimentos" foram as respostas de Margarida Blasco quando era questionado pelos deputados da oposição sobre os incêndios que assolaram as regiões norte e centro do país na terceira semana de setembro, provocaram nove mortos e consumiram cerca de 135 mil hectares de floresta.

A ministra remeteu informações para o dia 22 de outubro quando vai estar novamente na Assembleia da República para uma audição regimental.

Margarido Blasco disse ainda que nessa altura já terá o relatório final da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) sobre "o que correu bem ou mal" nos fogos de 2024.

A audição da ministra da Administração Interna, na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, foi pedida pelo PCP, sobre os meios de proteção civil disponíveis para o combate aos fogos rurais nos meses de verão de 2024, e pelo PS, sobre a gestão dos meios de proteção civil no incêndio ocorrido, em agosto, na Madeira.