Sexta-feira, dia em que foi encontrado um corpo carbonizado no concelho da Guarda, esteve na Proteção Civil, mas escolheu ficar em silêncio, um silêncio que condenou quando estava na oposição.
"Este silêncio representa o quê? Medo? Representa uma postura de cobardia política?", questionava em 2023 Luís Montenegro numa postura crítica à ação do então primeiro-ministro, António Costa, perante contradições entre ministros sobre despedimentos na TAP.
Dizia na altura que o "chefe do Governo tem de falar ao país, tem de tranquilizar o país", porque, questionava retoricamente, "quando o chefe do Governo se esconde, qual é a ideia que os portugueses têm da sua governação".
Há dois anos, Luís Montenegro era líder do maior partido da oposição e explicava como deveria agir o líder de um Governo. Agora, no cargo, recusou comentar a situação dos incêndios durante a Festa do Pontal, que decidiu manter, apesar do país a arder.
Prometeu falar depois, mas até sair da Festa do Pontal, quinta-feira no Algarve, não respondeu a nenhuma pergunta dos jornalistas.
Também prometeu falar de incêndios e falou. Dedicou cinco minutos ao tema no discurso de quase uma hora no Pontal. À data, os fogos já tinham consumido 89 mil hectares, a área mais extensa até meio de agosto desde os incêndios de Pedrógão Grande, há 8 anos.
As condições meteorológicas não serviam de justificação para Luís Montenegro. Mas agora, diz que o estado do tempo é um dos fatores responsáveis pelos incêndios no país.
"Uma tragédia que nos tem assolado, fruto das circunstâncias meteorológicas, que são partiularmente difícies e adversas", disse.
No Congresso que o elegeu como líder do PSD, há três anos, Luís Montenegro recordou os incêndios de Pedrógão Grande para condenar a atuação do Governo de António Costa.
Neste mesmo congresso, comprometeu-se a estar uma semana por mês numa região do país, para estar com as populações. A primeira paragem foi Pedrógão Grande. A primeira, garantiu Montenegro, de muitas.
Agora que é líder do Governo, Montenegro ainda não esteve em nenhuma das regiões atingidas pelas chamas.