Os planos de mobilidade, segurança e saúde da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) estão a ser elaborados na expectativa de ser o maior evento organizado no país, tendo em conta os milhares de peregrinos.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se entre 1 e 6 de agosto em Lisboa e são esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas, com a presença do Papa Francisco.
O ultimo balanço feito pela Fundação JMJ, a 13 de maio, dava conta de mais de 600 mil peregrinos inscritos para este encontro mundial.
“Uma das mais complexas operações de segurança”
Da responsabilidade do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, Paulo Vizeu Pinheiro, o plano de segurança ainda não foi formalmente apresentado.
Paulo Vizeu Pinheiro é responsável pelo controlo e coordenação de todas as entidades envolvidas na segurança. Para o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, em causa está "uma das mais complexas operações de segurança" realizadas em Portugal.
Durante a semana da JMJ, o controlo de fronteiras aéreas e marítimas vai ser reposto, mas não fechado, como aconteceu durante os estados de emergência decretados no período da pandemia de covid-19.
O ministro da Administração Interna já explicou que vão ser feitos controlos documentais aleatórios não sistemáticos nas fronteiras, tal como aconteceu em 2017, quando o Papa Francisco visitou Fátima.
PSP mobiliza 10 mil polícias, GNR vai controlar fronteiras
O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública, Manuel Magina da Silva, já anunciou que mais de 10.000 polícias vão estar mobilizados para a segurança e policiamento da JMJ, dos quais 7.000 elementos são do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (Cometlis) e 2.800 são polícias que vêm de outros comandos do país para reforçar o Cometlis, ficando ainda por contabilizar o efetivo da Unidade Especial de Polícia.
Segundo Magina da Silva, o plano da PSP para "garantir que o Cometlis esteja na máxima capacidade operacional e com todos os recursos que precisa" justifica a "medida impopular" que foi suspender as férias entre 26 de julho e 7 de agosto aos polícias.
De acordo com a PSP, polícias de vários países, inclusive na componente da Interpol e Europol, vão estar em Lisboa por aqueles dias para prestar o apoio que for necessário, nomeadamente ao nível das informações e avaliações de risco.
O comandante-geral da GNR, José Santos Correia, também já deu conta que a corporação vai "planear e executar as ações de policiamento" durante a JMJ em todo o país, especialmente nos locais onde decorram iniciativas e atividades associadas ao evento e, em particular, o santuário de Fátima, que o Papa Francisco vai visitar a 5 de agosto.
Segundo José Santos Correia, a GNR vai "apoiar e auxiliar a organização dos peregrinos, acompanhar e controlar os movimentos em todo o país, em particular os acessos à cidade de Lisboa", e, caso seja necessário implementar medidas especiais, de controlo e fiscalização das fronteiras terrestres e marítimas".
Portugal já pediu ajuda a Espanha
Portugal já solicitou a Espanha apoio no que respeita à preparação das condições de segurança da JMJ, nomeadamente reforço da cooperação policial em toda a área de fronteira comum tendo em vista a reposição de controlos fronteiriços não sistemáticos, um vez que é preciso garantir os fluxos de peregrinos que vão chegar por via aérea através de Espanha, deslocando-se depois por via rodoviária até Portugal.
Elementos da PSP, GNR, SEF, guardas prisionais, Polícia Marítima e ASAE já anunciaram que vão realizar ações de protesto durante a JMJ, mas ainda não estão definidas as ações de luta.
Proteção Civil: cerca de 25 mil bombeiros na zona de Lisboa
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) já anunciou que o dispositivo pode chegar aos 25 mil bombeiros e até aos dois mil agentes de outras forças, que só atuarão em caso de necessidade. Segundo a ANEPC, estes 25 mil bombeiros pertencem às corporações de bombeiros voluntários.
O financiamento do Governo para a Proteção Civil tem uma base de cerca de meio milhão de euros, mas "é apenas um orçamento indicativo", indicou o seu presidente.
Os meios vão estar em Lisboa, perto da capital e em outros locais predefinidos que só avançam para a capital em caso de necessidade.
Como a JMJ coincide com a época mais crítica de incêndios rurais, a ANEPC criou dois dispositivos montados. Um dispositivo vincado para os incêndios rurais, que está fixo e não muda, e outro para a Jornada.
Forças Armadas vão disponibilizar espaços, equipamentos e fornecer alimentação
As Forças Armadas vão disponibilizar infraestruturas, espaços, equipamentos e fornecer alimentação nos distritos de Leiria, Santarém, Lisboa e Setúbal, nomeadamente alojar os polícias responsáveis pela segurança.
As Forças Armadas vão apoiar a realização da JMJ através da disponibilização, entre 23 de julho e 9 de agosto, de infraestruturas, espaços, equipamentos, fornecimento de alimentação e outros eventuais apoios solicitados nos distritos de Leiria, Santarém, Lisboa e Setúbal a fim de contribuir para o sucesso do evento e para a satisfação dos compromissos assumidos por Portugal.
Vão apoiar diretamente as forças e serviços de segurança envolvidas no evento e a Fundação da JMJ com as instalações e meios disponibilizados pelos três ramos e estruturas do Estado-Maior-General das Forças Armadas, sendo de destacar a disponibilidade de alojamento para 3.700 elementos, nomeadamente de polícias, instalação de sanitários, fornecimento de alimentação, viaturas de transporte de pessoal e carga e outras capacidades de apoio de serviços.
A Força Aérea vai garantir a segurança e a integridade do espaço aéreo, prometendo meios aéreos no ar para vigilância, proteção e transporte do papa Francisco.
O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), Cartaxo Alves, disse à Lusa que "a Força Aérea Portuguesa vai ter drones, helicópteros, aviões de vigilância e aviões de defesa área no ar".
Segundo a FAP, vai haver zonas de exclusão em Lisboa e Fátima, em que toda a atividade aérea no país vai ser perfeitamente escrutinada e vigiada.
Papa chega de avião no dia 2 e vai de helicóptero para Fátima no dia 5
O Papa Francisco vai chegar ao aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa, a 2 de agosto onde a FAP fazer uma receção, sendo também transportado para Fátima num helicóptero, à semelhança do que já aconteceu em visitas anteriores. A FAP vai ter um sistema anti-drones para os intercetar.
A Marinha também já indicou que vai prestar apoio logístico e de segurança na JMJ, mas não precisou pormenores sobre o tipo de vigilância.