Joaquim Goes já foi a duas Jornadas Mundiais da Juventude, na Polónia e no Panamá, e numa dessas teve o privilégio de ser convidado pelo Papa para lanchar. Agora, é a sua vez de retribuir aquilo que viveu em 2016 e 2019 para mais de um milhão de peregrinos que chegam a Lisboa daqui a um mês.
Podia ser só mais uma, mas não é. Agora é em casa do Joaquim Goes e será ele, enquanto gestor de projeto da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, a receber o Papa em sua casa.
O Joaquim é um de milhões de jovens que esperam ansiosamente pela primeira semana de agosto e a importância do evento não é assumida de ânimo leve.
“A Igreja não parece mais jovem, porque os jovens que fazem parte dela não saem à rua. Tal como o Papa disse nas Jornadas em Cracóvia, os jovens têm de sair do sofá e é isso que falta. No dia a dia é mais difícil de pôr em prática, mas nas jornadas ganha-se essa vontade”, explica o jovem de 26 anos.
Enquanto peregrino, o jovem católico já viajou para Cracóvia, em 2016, e para o Panamá em 2019, com “uma vontade” de estar com jovens que partilham da mesma fé, conhecer um país novo e aproveitando isto tudo para estar com o Papa e aprofundar a fé.
A par disso, mesmo já sendo “veterano” nas andanças peregrinas, a Jornada nunca o deixou de impressionar.
“O que mais impressiona é a noção da dimensão da Igreja, é brutal e é jovem, não é isso que as pessoas pensam ou vivem, mas quando chega uma Jornada com mais de um milhão de jovens de países de todo o mundo para estar com o Papa, isso que impressiona”, relata o jovem católico, por influência familiar.
O que poderá ser mais difícil de compreender a quem não tem fé é a importância que se confere a um senhor de 86 anos, neste caso ao Papa Francisco. No entanto, para os jovens católicos, segundo Joaquim, “o Papa é um exemplo” pela bandeira que assumiu da Igreja ser “aberta a todos”.
É uma Igreja tão aberta, que até convida para lanchar.
O chá das cinco
Em 2019, um mês antes da sua partida para o Panamá, Joaquim Goes foi convidado por um amigo, inesperadamente, para participar na cerimónia de abertura dessa Jornada junto do Papa. Após a celebração, o Papa Francisco convidou-o e a mais quatro jovens para lanchar com ele.
“Éramos cinco mais o Papa e o bispo do Panamá. Foi um momento fantástico, simples, à maneira do Papa Francisco, com conversa amiga e parecia que nos conhecíamos há imenso tempo”, relata Joaquim.
No entanto, o jovem católico confessa que não conseguiu conversar muito, tendo em conta que os outros convidados eram de países mais instáveis e que necessitavam mais da atenção do Santo Padre.
“Eu era jovem do país mais estável, os outros eram do Senegal, Nicarágua, China, eles tinham preocupações políticas maiores e concretas e aproveitaram esse momento. Não nos podemos esquecer que o Papa é um dos líderes políticos mais influentes do mundo”, explica.
A Jornada Mundial da Juventude existe desde 1986 e já atravessou três papados. Porém, Joaquim é convicto que qualquer jovem se revê e estima os papas com que já se cruzaram.
“A personalidade joga muito, o Papa Francisco é um papa latino, quente, de relação, o Papa Bento XVI era mais racional, alemão, mas não há um grupo de jovens que não se diga próximo de qualquer um”, admite.
A Igreja, a fé e os jovens
Apesar dos números não serem tímidos, com mais de um milhão de peregrinos, milhares de voluntários e outros milhares de trabalhadores empenhados e vocacionados para a Jornada, não deixa de ser visível o quanto a igreja tem sofrido “perdas” de fiéis, nomeadamente nas camadas mais jovens.
Por isso, para Joaquim, a mensagem mais importante que a Igreja poderá dar, neste momento, é que é “intemporal”, sem perder de vista o cuidado e atenção que se tem de dar “às periferias” - mensagem muito pregada pelo Papa Francisco.
“No Ocidente o relativismo impera, e existe uma tentativa muito grande de descristianizar e tirar Deus da equação, tem a ver com a cultura e valores que os jovens vão recebendo”, lamenta.
E é por isto que Joaquim está a trabalhar a tempo inteiro na organização da Jornada 2023 em Lisboa. Apesar de estar a ser “muito intenso” e “difícil”, Joaquim acredita que está finalmente a dar de volta o que recebeu naqueles anos em que participou como peregrino.
Agora, “do outro lado”, o seu principal desejo é apenas um: a conversão.
“Mais do que correr bem logicamente, o meu desejo é que toque muitos corações e possa converter muita gente. As jornadas são conhecidas por ser a maior fonte de vocações da Igreja e este será um momento de grande conversão”, conclui.
Joaquim Goes é um entre milhões de jovens que esperam ansiosamente - e trabalham para isso -, todos os dias, para receber o Papa. Desta vez, será o Papa a ser convidado para lanchar, em Lisboa.