A mensagem de Francisco, de que a Igreja é para todos, ressoou nos peregrinos. Ao terceiro dia de Jornada Mundial da Juventude, marcado pela Via-Sacra no Parque Eduardo VII, as palavras do Papa estavam na boca de todos. O chamamento, o acolhimento e a Igreja aberta e pronta a aceitar “todos” será a mesma que se revolta na presença de uma bandeira LGBTQIA+ e que protesta contra uma eucaristia organizada pelo Centro Arco-Íris? Fizemos essa questão aos peregrinos. Uns foram mais incisivos a responder do que outros. Nenhum mencionou a sigla LGBTQIA+.
As irmãs Ingrid e Ana Virginia descobriram a sua vocação em Jornadas Mundiais da Juventude. A primeira em Madrid, em 2011, e a segunda em Paris, em 1997. Fazem parte do instituto Iesu Communio e, apesar de não viverem em clausura, não lhes são frequentemente permitidas saídas. Por estes dias, na Jornada Mundial da Juventude, têm sido um ponto de atenção. Horas antes das cerimónias têm marcado presença no centro do Parque Eduardo VII a dançar e a cantar. É visível e contagiante a alegria com que vivem o encontro dos jovens da Igreja Católica, não fosse o destino delas próprias produto destes eventos.
Não há tabus para estas irmãs espanholas. Questionadas sobre a posição da Igreja em relação à comunidade LGBTQIA+ responderam: “Amar é entender. Todos são bem-vindos à Igreja”.
Para a irmã Deyviana, do Brasil, a Jornada tem sido muito emocionante não só por estar com o Papa, mas também pela oportunidade de conhecer tantos jovens peregrinos.
“Foi muito forte o Papa dizer que a Igreja é para todos. (…) Na Igreja todos têm espaço”, considera.
É professora de História e, por isso, conhecer Portugal foi o realizar de um sonho. Admira o Papa Francisco porque é simples e “vive o que fala”.
Alfredo, da Guatemala, vê a Igreja como um “lugar aberto”. A família, com quem veio à Jornada, apoia o seu discurso. A mãe, Carolina, acrescenta:
“É uma época de crescimento. Deus não faz distinção de credos, de situações socioeconómicas”, aponta.
Alfredo crê que quando fala de “todos”, o Papa Francisco refere-se essencialmente às minorias. Às Jornadas vieram em família: Alfredo, o irmão José, a mãe Carolina e o pai Freddy. O casal quis viver o encontro de jovens porque, tal como diz o Papa, a juventude está em quem sonha e…"Nós não deixamos de sonhar", afirma Carolina.
Afonso Sampaio Soares, português, canta no coro da Jornada Mundial da Juventude. Usar a voz para chegar a milhares de pessoas e ao Papa Francisco é um sonho concretizado. Sobre as palavras do líder da Igreja Católica, diz: “Todos somos filhos de Deus. Todos somos chamados a sermos santos”.
É também desta forma que Salvador Seixas, intérprete do hino da Jornada “Há pressa no ar”, lê as palavras do Papa Francisco. “O Papa refere-se a todos, foi muito específico nisso”, diz.
A música cantada por Salvador tem sido a mais ouvida até agora na JMJ de Lisboa. É a primeira Jornada em que participa, mas está a ser memorável. “É uma vez na vida. É a maior atuação que vou ter na vida”, afirma.
A Jornada dos pequeninos
Henrique, de 9 anos, veio com o irmão Francisco e com os pais de Famalicão até Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude. De sorriso no rosto, respondeu a todas as perguntas. Sente “o coração a bater muito forte” por saber que vai ver o Papa. “Só o vejo na televisão”, acrescenta.
A Francisco, se lhe pudesse dirigir umas palavras, agradecia “porque ajuda todas as pessoas”. E não há calor que o demova do Parque Eduardo VII. “Temos que nos esforçar para ver o Papa”, aponta.
“É uma alegria estarmos aqui, muitos países, só falta um. É muito lindo”, refere emocionado.
Num outro grupo, encontramos Maria Clara, David, Beatriz, Matias e Inês. Todos vivem com entusiasmo a ideia de ver o Papa Francisco.
“O Papa é bonito", diz David, que gostava de dar um abraço a Francisco. “O Papa é incrível”, continuava Inês.
Para Beatriz, Francisco é “uma grande pessoa” e queria pedir-lhe “para rezar por todos para que tudo corra bem”. O mais velho, Matias, gostava de agradecer ao Papa “por ser uma figura de esperança e de bondade”.