A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é uma história que se conta por milhões. Os milhões que se investem, os milhões de participantes, mas também os muitos milhões daqueles que, a partir de algo que viveram num destes encontros, conseguem mudar o ritmo da sua vida e a de outros.
Tinha 16 anos quando participei na minha primeira JMJ. Corria o ano 2000 e fomos de autocarro até Roma. O desejo de ver o Papa João Paulo II e toda a juventude ali reunida deu-me o impulso necessário para andar quilómetros a pé, à torreira do sol, em pleno mês de agosto, e chegar até Tor Vergata – local onde iria decorrer a Vigília e a Missa final.
Da caminhada até lá, lembro-me do padre Gianfranco dizer alegremente a todo o grupo: “É já ali”, mesmo sabendo que ainda estávamos longe, ou de eu desejar beber uma água fresca quando só existia água quente com gás para nos darem.
Mas essas contrariedades eram sempre relativizadas quando pensava que, dali a momentos, estaria junto de milhares de jovens e do Papa João Paulo II para rezar. Desta figura da Igreja, ouvi as seguintes palavras e tremi: “É Ele quem vos espera quando nada do que encontrais vos satisfaz”. Senti que eram para mim. Hoje, reconheço que foram determinantes para me completar numa fase essencial da minha formação como pessoa.
É quase sempre assim para quem arrisca participar numa JMJ: parte sem um objetivo muito definido e vem de lá transformado e com condições para mudar de vida. Certo de que esta experiência precisava de ir sendo alimentada pontualmente, participei em todas as jornadas seguintes. Em todas, alimentei a certeza de que são aqueles que nos dizem “é já ali” ou que nos dão uma garrafa de água que fazem com que tudo aconteça. Todos são importantes e serão sempre figuras maiores.
Nesse lote de “figuras maiores” encontram-se também todos os que deram o impulso certo, com a descrição que merece, para que cada edição internacional fosse possível. Em 2017 – quando surgiu a candidatura – e, agora, no “dia 1” da JMJ Lisboa 2023, tenho D. Manuel Clemente como uma dessas figuras.
No ano em que se completam 10 anos do seu pontificado, este é o maior legado que a Igreja em Portugal (e não só) poderia ter. Creio que, com mais ou menos efusividade, estaremos todos agradecidos por ter-nos dito: “Sim, é possível”. Boa Jornada!