As bancadas parlamentares europeias dos Verdes e da Esquerda Unitária (GUE/NGL) pediram hoje um debate no Parlamento Europeu, na próxima semana, sobre as revelações dos esquemas financeiros da empresária angolana Isabel dos Santos, os Luanda Leaks.
Fonte europeia disse hoje à agência Lusa que os pedidos feitos pelos Verdes e pelo GUE/NGL são relativos à próxima sessão plenária, que decorre na cidade francesa de Estrasburgo entre segunda-feira e quinta-feira da próxima semana, e serão submetidos, esta quinta-feira, à apreciação da conferência dos presidentes do Parlamento Europeu.
A realização do debate está, contudo, dependente do aval dos restantes grupos políticos representados na assembleia europeia, nomeadamente das duas maiores famílias políticas, a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) e o Partido Popular Europeu (PPE), ressalvou a mesma fonte.
Outras fontes ouvidas pela Lusa indicaram que estas duas maiores bancadas estão a ponderar avançar ou apoiar uma proposta para a realização de um debate mais geral sobre branqueamento de capitais na União Europeia, no qual admitem que seja abordado o caso dos Luanda Leaks.
Porém, nenhum pedido foi ainda formalizado.
Segundo estas fontes, o título e o conteúdo do debate estão a gerar discussão.
Nos pedidos já submetidos à apreciação da conferência dos presidentes do Parlamento Europeu, os Verdes pedem um debate com uma intervenção do Conselho Europeu e da Comissão Europeia – que ainda não se pronunciaram – sobre os Luanda Leaks e uma discussão mais geral sobre a lavagem de dinheiro na UE, bem como a adoção de uma resolução, isto é, uma tomada de posição pelo Parlamento Europeu.
Já o GUE/NGL quer um debate em plenário sobre o assunto, também com declarações do Conselho e do executivo comunitário, mas admite a não adoção de uma resolução.
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou dia 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
Isabel dos Santos foi constituída arguida pelo Ministério Público de Angola acusada de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol, disse estar a ser vítima de um ataque político.

A empresária já refutou o que descreveu como "alegações infundadas e falsas afirmações" e anunciou que vai avançar com ações em tribunal contra o consórcio de jornalistas que divulgou a investigação "Luanda Leaks". Isabel dos Santos reafirmou que os investimentos que fez em Portugal tiveram uma origem lícita.
De acordo com a investigação do consórcio, do qual fazem parte o Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai.