Luanda Leaks

Luanda Leaks: diamantes pagam advogados de Isabel dos Santos

Investigação Expresso/SIC

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Uma investigação da SIC e do Expresso revela como Isabel dos Santos está a contornar o arresto das contas bancárias para pagar aos advogados.

Isabel dos Santos está a pagar os advogados com dinheiro de uma sociedade do Dubai que faturou milhões com diamantes de Angola.

Uma investigação do Expresso, da SIC e do jornal neerlandês NRC teve acesso a documentos que mostram como a empresária, agora procurada pela Interpol, está a contornar o arresto das suas contas em vários países. Um escritório no Reino Unido, envolvido no esquema, paga também alguns dos advogados de Isabel dos Santos em Portugal, mas todos garantem desconhecer a origem do dinheiro.

O recente mandado de captura internacional pedido por Angola à Interpol é mais um dossier para o batalhão de advogados que Isabel dos Santos tem ao seu serviço em vários países.

Mas com as contas bancárias bloqueadas, as pessoais e as das empresas, a filha do ex-presidente de Angola teve que arranjar uma escapatória para conseguir pagar as despesas da defesa.

Criada há nove anos, a Nemesis é a face visível da Odyssey, uma offshore de Sindika Dokolo, falecido marido de Isabel dos Santos. Por autorização do pai de Isabel, o antigo Presidente de Angola, a Odyssey ficou à cabeça da lista dos clientes preferenciais da Sodiam - a empresa pública de comercialização de diamantes.

Documentos a que a SIC e o Expresso tiveram acesso mostram que, só entre 2016 e 2018, a Nemesis revendeu cerca de 250 quilos de pedras preciosas que tinha comprado a baixo preço.

Quando tomou posse, o novo Governo de João Lourenço afastou a Odyssey da lista de clientes preferenciais e numa providência cautelar de arresto, Isabel dos Santos e o marido foram acusados de ter obtido com os diamantes ganhos superiores a 45%, sem qualquer benefício para o Estado angolano.

É com parte desses lucros que Isabel estará agora a pagar os seus advogados.

Contactados pela SIC e pelo Expresso, Germano Marques da Silva, João Barroso Neto, João Costa Andrade e Marco António Costa alegam sigilo profissional para não responder às questões.

Isabel dos Santos, através da assessoria de imprensa em Portugal, manda apenas dizer que não pode falar sobre o assunto que já está a ser alvo de investigações nos Países Baixos.