Monarquia

Se Carlos III já é Rei, porquê a cerimónia de coroação?

Sete meses depois de se ter tornado Rei, com a morte da Rainha Isabel II, Carlos III vai ser coroado. Mas se já é Rei, precisa de uma cerimónia? E afinal o que é mesmo uma coroação? Descubra as respostas a estas e outras perguntas neste artigo.

Se Carlos III já é Rei, porquê a cerimónia de coroação?
Inês M. Borges

A última vez que o Reino Unido assistiu a uma coroação foi há 70 anos, em 1953, quando a Rainha Isabel II subiu ao trono com apenas 27 anos, depois da morte do pai, o Rei Jorge VI. Sete décadas depois, é a vez de Carlos III fazer história. Mas, se já é Rei, precisa de uma cerimónia? E afinal o que é mesmo uma coroação?

Comecemos pelo início…

O que é a coroação?

Na sua explicação literal, a coroação é o ato de colocar a coroa na cabeça de um monarca. Mas, neste caso, não se pode resumir a cerimónia apenas a este momento. Na verdade, a cerimónia de coroação é composta por cinco partes: o reconhecimento, o juramento, a unção, a investidura e a entronização.

O Palácio de Buckingham explica que se trata de uma ocasião de “pompa e circunstância” mas também de uma “cerimónia religiosa solene”. O Reino Unido é a única monarquia europeia que continua a ter uma coroação religiosa.

Mas se Carlos III já é Rei, porquê a cerimónia?

A coroação é uma cerimónia simbólica, já que o que marca de facto - e legalmente - o início do reinado do monarca é a morte do monarca anterior.

“Neste país, a coroação persiste como um momento de legitimação do Rei de uma forma pública. No fundo, é uma espécie de transformação. Apesar de o monarca ser monarca desde o momento que o antecessor morre, a ideia é que o Rei ou Rainha se transformam de alguma forma na coroação”, explicou à Reuters a historiadora Alice Hunt.

Quem são os responsáveis pela cerimónia?

Desde 1066, a cerimónia de coroação decorre sempre na Abadia de Westminster e é conduzida pelo arcebispo da Cantuária, atualmente Justin Welby.

Ao todo, 38 monarcas britânicos foram coroados na Abadia de Westminster. Apenas dois nunca o chegaram a ser: o Rei Eduardo V, que terá sido assassinado, e o Rei Eduardo VIII, que abdicou do trono antes da coroação.

A organização da cerimónia de coroação fica a cargo do Conde Marechal do Reino Unido, um título transmitido hereditariamente e que, neste momento, é detido por Edward Fitzalan-Howard, 18.º duque de Norfolk. Para além das coroações, o Conde Marechal do Reino Unido é responsável por organizar cerimónias de Estado, funerais de Estado e ainda a cerimónia de abertura do Parlamento.

70 anos depois da última coroação, o que muda?

Em 1953, a coroação da Rainha Isabel II durou três horas e contou com 8.000 convidados. Sete décadas depois, é esperado que a cerimónia de Carlos III seja mais curta, com uma duração de duas horas, e terá apenas 2.000 convidados.

Como manda o protocolo, a Rainha consorte, Camila, também será coroada. No entanto, há 70 anos, tal não aconteceu com o príncipe Filipe, já que o protocolo não o prevê para o consorte de uma Rainha.

As procissões entre o Palácio de Buckingham e a Abadia de Westminster também deverão ser mais rápidas, já que a rota foi encurtada de 7,2 para 2,1 quilómetros. Em 1953, Isabel II demorou cerca de duas horas a completar o percurso.

Recorde-se ainda que a coroação de Isabel II foi a primeira de sempre a ser transmitida na televisão, representando um marco histórico e ‘colando’ os britânicos aos seus sofás. Agora, com recurso aos telemóveis, a coroação pode ser vista a partir de (praticamente) qualquer sítio. E também há, pela primeira vez na história, um emoji oficial.