Assim que Carlos teve o primeiro filho - William - ficou garantida a continuidade da família real britânica no trono pela linhagem de sangue dos Windsor. Manda a tradição real que haja redundância. Por isso, a chegada de Harry, dois anos e meio depois, assegurou um segundo herdeiro, em caso de morte ou renúncia de William.
É uma lógica fria, mas é a necessária quando se acredita num sistema de direito ao trono pela linha genética.
Sabemos hoje que Harry se considera “sobressalente” (tradução literal de “Spare”, título da autobiografia de Harry). Talvez porque na lógica do número na fila de espera para subir ao trono seja o quinto. Mas, afinal, como é a relação do monarca com cada um dos dois filhos?
Com o mais velho, a história é bastante curta. Há várias imagens de uma infância feliz, de um William que sorri para um pai que lhe sorri de volta. Já as manifestações de afeto físico são raras. No entanto, há vários discursos - tanto do pai como do filho - em que se trocam palavras de carinho.
Já com Harry a relação parece diferente. O rapaz feliz e irreverente largou o sorriso aos 12 anos nas cerimónias fúnebres da morte da mãe, Diana. Harry revelou há pouco tempo que considerou uma violência, em nome de protocolos e obrigações reais, ter sido obrigado a caminhar atrás do caixão.
Órfão de mãe e com pouca atenção do pai, Harry foi um adolescente rebelde, com a natural dose de escândalos para qualquer jovem da sua idade, mas não para um filho do futuro Rei. Acalmou, diz o próprio, com a ajuda do irmão.
Os dois herdeiros de Carlos ainda falavam a uma só voz quando pediram ao pai que não casasse com Camila, apesar de a aceitarem como madrasta. Não foram ouvidos e deixaram de se ouvir um ao outro, quando Harry arranjou uma namorada divorciada, atriz e norte-americana.
Do pouco que se sabe, Carlos sempre apreciou Kate - a mulher de William - por considerá-la adequada como futura Rainha consorte. E não terá nada contra Meghan - mulher de Harry - que até levou ao altar.
Mas Meghan e Harry têm muitas queixas da instituição a que chamam "a firma". Os Sussex já explicaram muitas vezes o que os fez protagonizar o ‘Megxit’ e abandonar o núcleo duro da família real.