A posição do Presidente da República suscitou nova polémica, desta vez em torno dos direitos humanos. O chefe de Estado sugeriu "esquecer" o assunto e "focar no futebol". A Amnistia Internacional criticou as palavras de Marcelo, proferidas no final do encontro em Alvalade, mas só hoje o Presidente veio esclarecer a questão, garantindo que nunca procurou desvalorizar os direitos humanos.
O Presidente explica que, no caso do Qatar, tocou em duas dimensões, nomeadamente, nos direitos humanos em termos de liberdades das pessoas e nos direitos humanos dos trabalhadores dos estádios de futebol, cuja situação foi "dramática".
Questionado pelo jornalistas sobre a declaração que instigou a polémica na quinta-feira, a respeito dos direitos humanos, o Presidente esclarece recorrendo às circunstâncias e ao "nervosismo".
À saída do jogo Portugal-Nigéria "perguntaram-me sobre o futebol e eu é que introduzi os direitos humanos. E depois, perante o nervoso que havia de regressar ao futebol, eu disse 'já falei dos direitos humanos, então regressemos ao futebol". Foi por isso, por ser naquele contexto, mas pareceu-me naquele contexto, que eu teria de falar dos direitos humanos".
A Amnistia Internacional criticou a postura de Marcelo Rebelo de Sousa e o mesmo defendeu: "Eu sou sócio da Amnistia Internacional".
“Não tenho visto muitos chefes de Estado a serem tão veementes e tão claros na condenação do que se passa em termos de direitos humanos do Qatar, sendo um país com o qual mantemos relações diplomáticas. Acho que ao levantar a questão, fiz bem ao levantar a questão no momento em que foi o primeiro em que fazia sentido levantar a questão ”, defendeu.
Segundo o chefe de Estado, a sua ideia era “em território português dizer” o que pensa da “situação dos direitos humanos no Qatar e depois, em território do país” onde se desloca, falar “da situação dos direitos humanos”.
“É o que tenho feito. Fiz isso noutros países que não têm regimes democráticos e com os quais mantemos relações diplomáticas. Os meus antecessores fizeram o mesmo”, sublinhou o Presidente da República.
O Presidente da República reforçou que, quando um chefe de Estado visita países com um regime não democrático, fá-lo “pelo interesse nacional”, caso contrário “não se poderia visitar três quartos do mundo” nem receber ou ter relações com esses países, “porque três quartos do mundo” não são democráticos, “mas ditaduras”, insistiu.