Em junho de 2014 tinha sido diagnosticada leucemia à minha filha de 10 meses. TREMI. Senti- me a cair num abismo sem fim. Senti uma dor imensa. Muitos podem pensar porque raio associo a doença do meu cão à situação da minha filha, tão mais grave… Porque em julho de 2014 o tumor do Nagu recidivou.
Eu estava com a minha filha bebé, internada no IPO. A minha cabeça estava vazia de tudo e tive de pensar o que fazer com o meu cãopanheiro. Não, não desisti dele. Veio um medicamento da Turquia que retardava a evolução da doença. Havia um caso de um animal em que a doença tinha regredido completamente. Porque não também o Nagu?
Os meses passaram e em dezembro de 2014 a minha filha terminou parte dos tratamentos, os mais agressivos. Foi uma LUTADORA. Estava em remissão. Não há melhor notícia. Que felicidade. Foi quando o Nagu piorou drasticamente. Cansava- se muito e vomitava.
Em janeiro a veterinária disse que o Nagu tinha o fígado completamente metastizado, tinha líquido na cavidade abdominal e a qualquer momento podia "afogar- se" no próprio líquido acumulado no seu corpo. Podiam drenar… NÃO, disse- lhe eu. Chega. Naquele momento percebi que tinha chegado a hora. Marquei a eutanásia para dia 10/01/2015. Depois de tudo o que passamos, tinha de terminar mais esta missão.
O Nagu era um eterno cachorrão que adorava correr, brincar, fazer asneiradas mas a hora do pôr do sol era quase sagrada. Uma das fotos que enviei foi tirada no dia antes da sua morte. Esteve ali, muito tempo, como que a adivinhar que seria o último pôr do sol… Nessa noite, acendi a lareira e dormiu tranquilo, enroscadinho… eu, não preguei olho…
No dia seguinte levei- o ao hospital veterinário. Foram comigo, o meu marido, a minha irmã e um amigo. Achava que não ia aguentar. Estava tão debilitada emocionalmente. Eu devia estar feliz porque o meu maior tesouro estava bem, tinha vencido uma batalha tão dura… mas o que é certo é que estava devastada.
Sabem o que acho? Acho que o Nagu esperou que a minha Guerreira ficasse bem e que eu também ficasse mais liberta para tomar a decisão mais acertada. Ou sou eu que quero acreditar.
Acompanhei o Nagu até à sala. Deitei- o na marquesa. Despedi-me dele e tiraram-me da sala a braços. Desculpa Nagu, não consegui acompanhar-te até fechares os olhos. Chorei, chorei muito, acho que precisava, por tudo…
O Nagu foi cremado numa associação de animais. Devolveram- me as cinzas numa bonita caixinha e num dia frio de janeiro, num lindo pôr do sol, lancei as suas cinzas no nosso jardim, onde tanto gostava de estar.
Hoje olho para trás e rio-me das traquinices dele. Era um cão fabuloso. Roeu rolos e rolos de papel higiénico, pantufas. Tinha baba pela casa toda mas era o meu cãopanheiro.
Tenho saudades tuas, a nossa Guerreira está bem.
Até um dia Nagu cão.
Testemunho enviado por Cristina Freitas
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