Fazer mergulho e tirar fotografias era o plano de Bernardo Queiroz e de uma amiga quando saíram de barco de Lisboa rumo à Comporta no domingo, mas assim que chegaram perceberam que não havia condições para entrarem no mar.
“A meio da manhã tivemos o aviso de uma embarcação que havia orcas na água, portanto não podemos mergulhar e tivemos de abordar o mergulho e esperar que elas se afastassem porque elas aproximaram-se do barco e estiveram lá bom bocado”, conta Bernardo Queiroz, do centro náutico "Terra Incógnita".
Assim que as viu, Bernardo, responsável pelo centro náutico Terra Incógnita, decidiu registar em vídeo o momento raro entre as orcas ibéricas e o barco. Os animais permaneceram junto à embarcação cerca de 1h30.
Nessa altura, as imagens dos predadores foram enviadas para biólogos e rapidamente foi possível identificar as primeiras duas que se deixaram ver. São a Estrela e o Dante.
“Não é muito difícil identificar os indivíduos porque eles muitas vezes têm características particulares como por exemplo ligeiras diferenças nas manchas brancas do corpo, ligeiras diferenças nas barbatanas, às vezes cicatrizes. Portanto, graças a esse tipo de informação, que é muito evidente, tem fotografias que são feitas dos animais é possível identificá-los, portanto os animais acabam por ser quase todos conhecidos e têm nomes", explica Jorge Palmeirim, biólogo da liga para a proteção da natureza.
Os biólogos sabem também que o grupo que foi avistado na Comporta passa grandes temporadas em Gibraltar. As orcas ibéricas podem medir até 6 metros e meio. Não são baleias, são cetáceos da família dos golfinhos e são uma espécie ameaçada. Ao todo, existem apenas 50 em Portugal e Espanha.
Desde domingo que não voltaram a ser avistadas. Os biólogos acreditam que como seguem a migração do atum rabilho do Atlântico, já deverão ter chegado a Espanha, mas cedo ou mais tarde regressam ao sul.