Esta semana foi anunciado o plano estratégico para a conservação do lobo nos próximos 10 anos, uma população que está em declínio em Portugal.Em Fafião, uma aldeia do Gerês, decorreu mais um festival de arte e música que tem o lobo como principal figura da festa.
É aquela hora em que o sol passa a dourar a paisagem que as ancestrais cornetas como que furam a aldeia e os montes. Assim arranca mais uma edição de um festival onde agora estes sons das vezeiras chamam a população para a festa.
Nesta aldeia de lobos, quem cá vive observa com atenção toda a movimentação que vai para lá dos cavaletes, mesmo que a relação com o animal não seja a melhor.
Nas cortes usadas durante o ano pelos animais de Fafião estão hoje obras de arte entre as teias de aranha.
Frágil é o que se pode dizer da situação do lobo ibérico em Portugal.
O censo mais recente, conhecido no final do ano passado, avalia a população de lobo em 300 indivíduos e 58 alcateias, sendo que a única em expansão é a da Peneda-Gerês. Em todas as outras houve uma diminuição clara da espécie.
Perante estes resultados, o Governo deu três meses ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas para desenvolver um plano para os próximos 10 anos e o Ministério do Ambiente apresentou-o agora, com um envelope associado de 5 milhões de euros do fundo ambiental.
A proposta, que ainda vai a consulta pública, prevê também uma revisão do valor das indemnizações pagas aos criadores de gado por ataque de lobo. Agora mais próximo do valor de mercado de cada uma das espécies.
Esse valor pago a quem provar que se tratou efetivamente de ataque de lobo vai depender então da espécie morta e da idade se são animais adultos ou jovens.
O ICNF promete ainda ser mais rápido em todo o processo.
Neste plano agora apresentado, para além do apoio financeiro aos criadores de gado, que passa pelas indemnizações mas também por projetos de cães de guarda ou ajudas na colocação de vedações, prevê ainda, por exemplo, o reforço da rede de corredores ecológicos, ações transfronteiriças com Espanha, promoção de presas selvagens, proteção dos habitats incluindo as zonas de reprodução do lobo, maior fiscalização e valorização cultural e económica juntos das populações.
O festival "Aldeia de Lobos" é um claro exemplo desta tentativa de inverter a imagem do lobo mau. A música arranca num dos dois palcos e entre um concerto e outro há mais exposições com memórias e histórias
A meia noite espera de forma ansiosa pelo esconjuro do lobo. E é no fojo, onde antes se preparavam as ciladas para os lobos., depois das batidas do caçadores, que termina a noite deste festival "Aldeia de Lobos", em Fafião.