Operação Miríade

Funcionários de bancos alegadamente envolvidos na rede de tráfico das Forças Armadas

A SIC teve acesso às escutas e aos indícios do Ministério Público.

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Um dos detidos em prisão preventiva é o antigo Comando Paulo Nazaré, o alegado líder da rede de tráfico e branqueamento de capitais, que terá chefiado mais de 60 pessoas em negócios em vários países, com o objetivo de branquear dinheiro a empresários, militares e diplomatas.

O alegado líder

Paulo Nazaré, de 25 anos, é segundo o Ministério Público o alegado líder da rede de tráfico de diamantes, ouro, droga e notas falsas e de fraudes com criptomoedas.

Concluiu os 6 meses de missão na República Centro-Africana em março de 2018, com apenas 22 anos, e regressou a Portugal munido de contactos no mundo da exploração de diamante.

Os indícios do Ministério Público

No despacho de indiciação, a que a SIC teve acesso, o Ministério Público descreve Paulo Nazaré como o líder de uma estrutura montada, em grande parte, para branquear dinheiro.

Diz que o arguido realiza contactos, estabelece pontes e participa diariamente em reuniões entre os suspeitos, sendo que, pelo menos, uma delas aconteceu até no Regimento de Comandos.

Segundo o Ministério Público, Paulo Nazaré desloca-se e participa em operações no estrangeiro, utiliza contas bancárias de um círculo de influência e comunica diretamente com quem deseja lavar dinheiro.

Os procuradores referem ligações a empresários, oficiais militares e diplomatas.

As suspeitas de branqueamento baseiam-se em transferências bancárias e escutas nas quais Paulo Nazaré é ouvido a descrever o funcionamento do esquema de tráfico e branqueamento.

As escutas fazem parte do inquérito do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, aberto há mais de um ano, a crimes de associação criminosa, contrabando, fraude e branqueamento de capitais, cometidos desde o inicio de 2018.

A alegada rede

A alegada rede será composta por mais de 60 pessoas, entre elas militares, como um capitão, Ricardo Marçal, que chegou a suceder a Paulo Nazaré na angariação de diamantes em África.

Também um GNR, dois agentes da PSP, advogados e até funcionários de bancos integrariam a rede, além de, pelo menos, 40 empresas, algumas de fachada, para branquear dinheiro.

A rede teria contactos e negócios no Reino Unido, Dubai (nos Emirados Árabes Unidos), Guiné-Bissau, Angola e África do Sul.