Jean-Pierre Aubem veio da ilha do Reunião, no meio do oceano Índico, e diz-se "apaixonado" pelo que encontrou na Cova da Iria. "É a primeira vez que venho à Europa e só vim por causa do papa e de Fátima", diz à agência Lusa, sentado junto a uma das grades no centro da esplanada do recinto. Ensonado e com vontade de ir à casa de banho, Aubem sorri e diz que recusa sair do local.
"Custou muito ter este lugar, quero ver bem. Atravessei metade do mundo e quero ver tudo", sustenta. Ao seu lado, estava Andrea, uma australiana que incluiu Fátima numas férias na Europa. "Fui a Roma e vim aqui, mas também fui passear por outros sítuos".
Católica devota, Andrea diz que quando soube que o papa argentino vinha a Fátima sentiu-se obrigada a participar nas celebrações do Centenário das Aparições. "Fátima é importante porque envolve a inocência das crianças. É um sinal para o mundo que temos de cuidar do presente para olhar pelo futuro, porque as crianças representam um futuro que é da nossa responsabilidade, dos adultos", explica.
"Vim de muito longe por causa do papa" porque ele "também veio de muito longe para mandar em todos nós", acrescenta Juanita Ramos, que veio do sul do Chile, na Patagónia. No recinto, os idiomas cruzavam-se mas os grupos de peregrinos organizavam-se também por países de origem.
"Os croatas é ali", explicava um voluntário do santuário, dando indicações a uma senhora com um vestido em xadrez vermelho. Já Maria Cândida, de 93 anos, deve ser uma das mais idosas que dormiu no recinto.
"A última direta que fiz foi quando veio cá o santo padre João Paulo II. Não quis vir cá ver o alemão [Notes:Bento XVI] porque não gostava dele", explica, enrolada num xaile e sentada no chão alcatroado do recinto. Durante a noite ouviu "tambores" e "canções" que não a deixaram dormir.
"Mas valeu a pena, rezei muito. Pelos meus netos e pelos meus filhos", explica.O papa Francisco canoniza hoje, em Fátima, os beatos Jacinta e Francisco Marto, duas crianças que, em 1917, afirmaram ter assistido à "aparição" de Nossa Senhora.A canonização marca o ponto alto das comemorações do Centenário das Aparições da Cova da Iria e tem lugar no início da missa que o Papa concelebrará no altar do recinto a partir das 10:00.
Lusa