Jorge Mario Bergoglio nasceu a 17 de dezembro de 1936 no bairro de Flores, às portas de Buenos Aires. Foi aí que frequentou a escola, fez a catequese, descobriu a vocação e deu missa. A SIC esteve no bairro argentino, numa viagem aos lugares e às pessoas que marcaram a juventude do Papa Francisco.
"Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais o foram buscar quase ao fim do mundo. Eis-me aqui!", disse Francisco no primeiro discurso como Papa.
Quando mencionou o “fim do mundo” onde Roma o foi buscar, era deste bairro que falava. Flores, às portas de Buenos Aires, a capital da Argentina.
Foi aqui que nasceu, numa família de imigrantes italianos, a 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio. As duas casas onde viveu já não pertencem à família, mas são locais de peregrinação e atração turística.
O padre José Luis Carbajal lembra que foi na Basílica de São José de Flores, que o percurso de Jorge Bergoglio até ao Vaticano se começou a traçar.
Francisco "descobriu o chamamento de Deus" aos 17 anos
Celebrava-se o Dia do Estudante e o jovem, então com 17 anos, combinara com um grupo de amigos um piquenique onde tencionava pedir namoro a uma colega da ação católica de quem gostava, mas ao passar pela basílica sentiu necessidade de se confessar.
“No dia 21 de setembro de 53, passando à porta da igreja para ir juntar-se aos amigos para festejar, é um dia em que não há aulas, portanto é um dia de festa estudantil, pois bem, ele sentiu o chamamento de Deus primeiro para se confessar e veio aqui ao confessionário, e aí descobriu o chamamento de Deus para o sacerdócio”, conta à SIC o sacerdote.
Pouco depois, e contra a vontade da mãe, que o queria ver médico, Jorge Bergoglio entrou para o seminário.
Em flores, ainda há quem recorde o pragmatismo do jovem padre que enchia a igreja da misericórdia, hoje encerrada, para a missa de domingo.
"Ia a passar, estava a fazer compras no bairro, e vi muitas pessoas na rua, olhei para ver o que se passava e vi Bergoglio a celebrar a missa. Não cabia lá toda a gente, então, veio para a rua e deu a missa no passeio. E isso era habitual nele", conta Francesa Bergoglio.
Artista plástica recorda Francisco
Dez anos depois de ter sido eleito Papa, ofereceu à Basílica de Flores uma escultura de um metro de São José, a dormir. Uma versão ampliada de uma imagem idêntica que Francisco teria no quarto.
Mercedes Fariña, artista plástica, pintou um quadro de homenagem a Francisco quando este foi nomeado Papa, quadro esse que o Santo Padre viu e aprovou.
Na Catedral de São José de Flores, ao lado do confessionário que mudou a vida de Jorge bergoglio, está uma cópia. O quadro original está exposto no palácio apostólico, no vaticano.
Mercedes Fariña assinou, entretanto, mais nove quadros, sobre lugares de Buenos Aires que marcaram a vida sacerdotal de Francisco. Estão expostos no museu eclesiástico da Catedral de La Plata, cidade próxima da capital da Argentina.
Os moradores do Bairro das Flores recordam com carinho Francisco e mostram-se orgulhosos por um líder da Igreja Católica ser proveniente da comunidade.