Luis Antonio Tagle é visto por setores próximos do Papa Francisco como a escolha certa para manter a dinâmica reformista com uma renovada abordagem do papado. Mas há um velho ditado segundo o qual "quem entra Papa no Conclave, sai de lá cardeal".
Em 2019, em entrevista à SIC, questionado precisamente sobre o favoritismo na sucessão a Francisco, Luis Antonio Tagle rejeitou, no entanto, essa hipótese.
“Não, não! Não há razão para preocupações, isso não vai acontecer. Nem sequer consigo gerir a minha vida, como conseguiria gerir a Igreja?”, disse, em tom de brincadeira.
Mas a verdade é que, pelo menos entre os fiéis, Tagle lidera as apostas sobre quem será o próximo Papa, juntamente com o cardeal italiano Pietro Parolin.
Luis Antonio Tagle, o “Francisco Asiático”
Aos 67 anos, apresenta-se como defensor de causas populares e é rotulado como a ‘voz dos pobres’. Tem posições geralmente progressistas e pró-Francisco e chegou a criticar as “duras palavras” da Igreja contra casais homossexuais e casais divorciados, afirmando que a Igreja deve ser aberta a todos.
Manifestou-se, no entanto, contra o aborto, causando surpresa, mas não se afastando tanto assim da posição do Papa Francisco, que chegou a referir-se ao aborto como um “ato criminoso”.
Sobre os abusos sexuais na Igreja, o cardeal filipino disse à SIC, em 2019, que é preciso “começar a trabalhar no sentido da cura”, falando “com as vítimas, mas também com os agressores”.
Manifestou-se também sobre a questão dos refugiados, lembrando que esta não se trata de uma questão política, mas “humana”.
“Vamos lidar com as origens, as causas dos problemas que afastam estas pessoas das suas casas e, se algumas delas já correram esse risco [de fugir], então um tratamento humano aos refugiados e migrantes é de grande importância. Se não cuidarmos, o tráfico humano entrará em ação.”
Conclave vai escolher o próximo Papa
Os cardeais vão definir a data para o início do Conclave - processo de escolha do novo Papa - nos próximos dias.
Esta espécie de assembleia de cardeais realiza-se com o máximo secretismo.
Os cardeais com direito a voto - com menos de 80 anos - reúnem-se na Capela Sistina, no Vaticano, e à porta fechada, sem qualquer contacto com o exterior, elegem o novo Santo Padre.