A Igreja Católica de Hong Kong apelou hoje aos fiéis para que rezassem pelo Papa Leão XIV, depois de o líder da diocese ter defendido a melhoria de relações entre o Vaticano e a China.
O bispo de Hong Kong, cardeal Stephen Chow, agradeceu a eleição do novo Papa e pediu orações aos crentes para que tenha sucesso "como pastor supremo da Igreja Católica Romana", segundo um comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE.
No início deste mês, o líder dos católicos da região administrativa especial chinesa defendeu a necessidade de um "melhor entendimento" e de uma "melhor relação" entre o Vaticano e a China.
Chow afirmou que "construção de pontes" iniciada pelo Papa Francisco, que morreu em 21 de abril, deve continuar com Leão XIV.
Após a entrega pelo Reino Unido de Hong Kong à República Popular da China em 1997, a comunidade cristã local não foi obrigada a aderir à Associação Patriótica Católica oficial da China.
Por essa razão, o Vaticano pôde continuar a ter uma ligação direta com a diocese da Região Administrativa Especial chinesa de Hong Kong, tal como com a de Macau, que obteve o mesmo estatuto em 1999, data da transferência de administração de Portugal para a China.
Hong Kong e Macau estão, assim, fora do acordo provisório que o Vaticano assinou em 2018 com a China por dois anos, que foi prorrogado em 2020, 2022 e 2024, desta vez por quatro anos.
Segundo alguns analistas, o acordo permite que o Vaticano e o regime comunista nomeiem bispos em conjunto.
Chow, que participou no conclave para eleger o novo Papa, reconheceu que alguns católicos discordam da nomeação dos bispos, mas sublinhou que "ser antagónico entre si" não é positivo.
O cardeal Joseph Zen Ze-kiun, de 92 anos, bispo emérito de Hong Kong, tem sido um dos mais proeminentes opositores do acordo, alertando para os riscos de tal colaboração para a liberdade religiosa.
Para alguns críticos, o acordo é uma traição aos católicos que se mantiveram fiéis ao Vaticano.
Os grupos de defesa dos direitos humanos acusam Pequim de ter utilizado o pacto para realizar uma ofensiva contra as chamadas "igrejas clandestinas", em comunhão com Roma e perseguidas na China.