O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou esta quinta-feira o movimento de extrema-esquerda Antifa como organização terrorista, em consequência do assassínio do ativista ultraconservador Charlie Kirk.
Mas afinal o que é a Antifa? A Antifa, abreviação de "antifascista", não é uma organização única, mas sim um movimento descentralizado e um coletivo de ativistas e grupos nos Estados Unidos que se opõem a ideologias fascistas e de extrema-direita.
A designação, embora frequentemente usada para descrever fações de esquerda ou anarquistas em protestos contra o governo e a polícia, tem sido adotada por Trump e outros membros da direita como um termo genérico para qualquer forma de protesto de esquerda.
O que a distingue dos outros grupos?
Ao contrário de grupos de extrema-direita como os Proud Boys e os Oath Keepers, a Antifa não tem uma estrutura hierárquica ou liderança definida.
A Antifa não se enquadra na lista de organizações terroristas estrangeiras do Departamento de Estado norte-americano, que inclui grupos islâmicos e cartéis de droga. Além disso, o movimento beneficia das proteções da Primeira Emenda, que garante a liberdade de expressão nos Estados Unidos.
Qual é a sua origem?
O termo "Antifa" remonta aos movimentos antifascistas que surgiram durante a Segunda Guerra Mundial, inicialmente para combater o regime de Benito Mussolini, e depois para enfrentar grupos supremacistas brancos na Europa, antes de se estabelecer nos Estados Unidos.
A popularidade do termo cresceu significativamente desde o primeiro mandato de Donald Trump, especialmente após os protestos em Charlottesville, no estado da Virgínia, em 2017, quando confrontos entre grupos de esquerda e direita geraram violentos enfrentamentos nas ruas.
Quem financia?
A Antifa, enquanto movimento descentralizado e organizado, não tem um financiamento claro ou único. De acordo com especialistas, a Antifa opera maioritariamente através de financiamento crowdsourced, ou seja, de contribuições feitas pelos seus próprios membros.
Esses fundos são geralmente utilizados para necessidades básicas, como pagar a caução de ativistas detidos durante protestos. O historiador Mark Bray, que estuda o movimento, defende que falar de "Antifa" como uma entidade única é enganoso.
Onde atua?
A Antifa tornou-se especialmente associada a cidades do Noroeste Pacífico, como Seattle e Portland, onde seus membros, conhecidos por usarem roupas pretas e máscaras, participam de protestos frequentemente violentos.
Durante os protestos de 2020, após o assassinato de George Floyd, muitos dos distúrbios foram atribuídos à Antifa, embora o então diretor do FBI, Christopher Wray, tenha afirmado que a Antifa representa uma ideologia, e não uma organização formal.
Qual é o seu espectro de ideias?
O movimento Antifa é descrito como englobando uma vasta gama de ideologias da esquerda, frequentemente fora da plataforma dominante do Partido Democrata. Seus membros geralmente defendem a redistribuição de riqueza e se opõem à política eleitoral tradicional.
A decisão de Trump de classificar a Antifa como um grupo terrorista gerou preocupações de que o presidente norte-americano estivesse a procurar uma forma de reprimir a dissidência de esquerda em geral, especialmente após o assassinato de Charlie Kirk, em vez de desmantelar uma organização específica.
Donald Trump também sugeriu que manifestantes do grupo Code Pink, que protestaram contra ele durante uma visita a um restaurante em Washington, D.C., deveriam ser indiciados, utilizando o rótulo de "terrorista" como justificativa para ações drásticas do governo, incluindo ataques militares contra embarcações da Venezuela, acusadas de transportar membros do Tren de Aragua, um cartel de drogas designado como organização terrorista.