O Governo não deixa a presidente executiva da TAP apresentar publicamente os lucros da empresa, que vão ser superiores a 30 milhões de euros. A responsável queria fazer uma conferência de imprensa, mas o Ministério das Finanças não autorizou. Os números vão ser divulgados apenas por escrito e numa videoconferência só com investidores e analistas.
São os primeiros lucros desde 2017 e chegam após dois anos de prejuízos recorde, os mais difíceis de sempre para a TAP.
Christine Ourmières-Widener conseguiu em 2022 lucros que devem ser superiores a 30 milhões de euros e antecipou em dois anos a meta colocada por Bruxelas para apresentar resultados positivos.
Um brilharete nas contas que a ainda presidente executiva da TAP queria apresentar publicamente antes de sair da empresa numa conferência de imprensa, mas o governo não autorizou.
A SIC sabe que o Ministério das Finanças exigiu que os resultados fossem divulgados apenas por escrito. A única apresentação prevista é por videoconferência e apenas para investidores e analistas na terça-feira, dia em que também saem oficialmente os números.
Fontes do setor contactadas pela SIC estranham esta forma de comunicação. Em processo de reprivatização consideram que seria importante que CEO da empresa explicasse como geriu a TAP e conseguiu estes resultados.
Contactado pela SIC, o Ministério das Finanças não confirma o pedido da CEO da empresa para uma conferência de imprensa que tenha sido recusado. Diz que a decisão foi tomada pelas duas tutelas após considerar várias alternativas com a empresa.
Saída da CEO da TAP
A presidente executiva da TAP continua no cargo até ao final do mês, enquanto decorre o processo de despedimento por justa causa invocado pelo Governo.
A saída é consequência do caso Alexandra Reis. A ex-administradora da TAP, que saiu da companhia aérea no ano passado com uma indemnização de 500 mil euros, entretanto, foi considerada ilegal. Saiu com uma compensação milionária. Mas podia ter saído sem receber nada. É que em dezembro de 2021, Alexandra Reis pôs o lugar à disposição no momento em que mudam os acionistas após a nacionalização.
Como a SIC já tinha avançado, o email foi enviado ao ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos, ao secretário de Estado Hugo Mendes e a Miguel Cruz, secretário de Estado do Tesouro de João Leão. Nenhum terá respondido. Estes últimos dois vão agora ter de explicar porquê na comissão parlamentar de inquérito à TAP.
Contactado pela SIC, João Leão diz que não se recordar de alguma vez ter sido informado desse email. Já Miguel Cruz não respondeu às perguntas da SIC.