Hugo Mendes, antigo secretário de Estado de Pedro Nuno Santos, está no centro de quase todas as recentes polémicas que envolvem a TAP, seja porque terá sido o próprio a estipular a indemnização paga a Alexandra Reis, seja porque tentou alterar um voo do Presidente da República para "não perder um aliado político", ou ainda porque exigiu à CEO ser o único interlocutor da companhia dentro do Governo.
“Eu não esperava que houvesse uma pressão política tão elevada quando entrei para a empresa em junho de 2021", disse Christine Ourmières-Widener.
À reprimenda inicial, juntam-se vários episódios em que Hugo Mendes deixou provas por escrito. É o caso da indemnização paga a Alexandra Reis, em que há mensagens enviadas pelo WhatsApp que provam que o secretário de Estado sabia e autorizou a negociação e terá até definido o teto de 500 mil euros como o valor máximo aceitável pelo Governo.
"Não estive envolvida em quaisquer decisões materiais deste acordo porque todas as decisões eram tomadas pelas entidades apropriadas. Fiz sobretudo muita coordenação relativamente a esta transação entre os advogados e o secretário de Estado das Infraestruturas e o ministro”, contou Christine Ourmières-Widener.
Há também o caso em que Hugo Mendes tentou forçar a alteração de um voo do Presidente da República, por conveniência política, mas desta vez foi por e-mail.
“Sei que pode ser um incómodo para si, mas não podemos correr o risco de perder o apoio político do Presidente. Se a disposição dele muda está tudo perdido. É o nosso maior aliado, mas pode tornar-se no nosso pior pesadelo”, as palavras são de Hugo Mendes, nunca troca de e-mails com a presidente executiva da TAP.
O então braço direito de Pedro Nuno Santos foi um dos nomes mais ouvidos na comissão de inquérito da TAP, que ainda agora começou e que vai ouvir 60 personalidades.