TAP: o futuro e as polémicas

Ex-acionista da TAP garante que sem intervenção do Estado em 2020 a companhia acabava

O ex-acionista da TAP Humberto Pedrosa disse, nesta terça-feira, que sem a intervenção do Estado, em 2020, a companhia aérea acabava, mas considerou que a forma poderia ter sido outra, através de prestações acessórias e não em capital.

Ex-acionista da TAP garante que sem intervenção do Estado em 2020 a companhia acabava
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O empresário considerou que a intervenção poderia ter sido através de prestações acessórias, e não em capital, ou mesmo uma opção mista. Humberto Pedrosa rejeitou a ideia de ter sido "escorraçado" da TAP, porque, "na realidade, chegou a um ponto de não haver condições para poder continuar".

"Na realidade, não havia outra solução, senão a intervenção do Estado português na TAP. Esses fundos eram essenciais, ou o Estado intervinha e colocava os fundos necessários na TAP ou a TAP acabava e acho que foi uma boa opção", considerou Humberto Pedrosa, na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea, questionado pelo deputado social-democrata Paulo Moniz.

"Eu via que a estratégia do Governo não contava comigo. Como não contava comigo, eu não estava ali a fazer nada, mas a minha decisão de sair foi tardia", apontou, garantindo não ter “chorado” o dinheiro que deixou na companhia.

"Eu poderia, com alguma antecedência, ter saído, mas eu apostava na companhia e gosto da companhia e acredito nela", reiterou.

Questionado ainda pelo PSD sobre o interesse da Lufthansa em comprar a TAP, antes da pandemia, Pedrosa disse ter conhecimento de um interessado, embora desconheça que fosse a companhia alemã. Devido àquele interesse, foi feita uma avaliação ao valor da TAP, que apontava para um número entre os 800 e 1.000 milhões de euros.

Humberto Pedrosa disse mesmo que, se a pandemia de covid-19 se atrasasse mais um mês, "provavelmente seria feito o negócio".

Questionado sobre a nova privatização que Governo pretende fazer, Pedrosa considerou que pode haver "uma solução intermédia", continuando a TAP pública mas com um contrato de gestão privada .

Já em resposta ao deputado socialista Bruno Aragão, sobre o negócio com a Airbus negociado por David Neeleman, o dono do grupo Barraqueiro disse continuar convicto de que o seu parceiro de consórcio "fez sempre o melhor para a TAP", embora tenha discordado quanto à decisão de acabar com o voo que fazia a ligação entre Campinas (Brasil) e Lisboa, que acabou por passar a ser feito pela Azul, companhia aérea onde David Neeleman tem uma participação.