A carta de demissão de Jorge Seguro Sanches, ex-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP foi entretanto divulgada, tendo sido lida aos deputados pelo social-democrata Paulo Rios de Oliveira.
No documento em que apresenta a sua demissão da CPI, dirigido ao presidente da Assembleia da República, Jorge Seguro Sanches fala em falta de eficácia nos trabalhos da Comissão.
“A Comissão de Inquérito (…) tem de gerar confiança e não passar o tempo a discutir procedimentos, grelhas ou a forma de acesso a documentos. Compete-lhe ser eficaz no apuramento da verdade”, lê-se.
Nesta parte, entende-se que a frustração do ex-presidente da Comissão advém do que ocorreu nos trabalhos de terça-feira em que Seguro Sanches, quando informou os deputados sobre o formato da audição a Humberto Pedrosa e os tempos disponíveis para perguntas de cada grupo parlamentar, foi questionado pelos deputados sobre essa escolha.
Da mesma forma, Seguro Sanches critica os deputados por não estarem disponíveis e revela ter havido dificuldades para se reunirem, por exemplo, às segundas e sextas à tarde.
“Finalmente considero ainda necessário que esta Comissão tenha a possibilidade de cumprir os seus trabalhos de uma forma mais efetiva. Não podemos, em questões de natureza urgente e de interesse nacional, permitir que os deputados não estejam disponíveis para cumprir o seu mandato todos os dias da semana, assegurando, o mais rapidamente possível, o apuramento da verdade”, expôs na carta de demissão.
Para Seguro Sanches “as agendas pessoais ou partidárias não se podem sobrepor ao interesse nacional”.
Por último, explica que procurou reunir consensos, que foi atacado pelos deputados que questionaram o seu papel e que, por isso, deixou de ter condições para terminar o mandato.
“A forma como foi questionado o meu papel no cumprimento do mandato da Comissão, por alguns deputados - nomeadamente e especialmente sobre a minha seriedade - leva-me a considerar não ter as condições mínimas para continuar a desempenhar esta função de equilíbrio entre as partes”, revela.
Para o ex-presidente da Comissão “na política não vale tudo”.