Diogo Lacerda Machado diz que não compreende como é que o Estado pagou 55 milhões de euros a David Neelman para sair da TAP. O ex-administrador está a ser ouvido na Comissão de Inquérito e contou aos deputados que, quando era consultor do primeiro-ministro, depois de um período em que trabalhou pro bono, passou a ganhar 2.000 euros por mês.
"Não faço a menor ideia, não tive o mínimo envolvimento nessa circunstância. Vai ter de fazer essa pergunta a quem tomou essa decisão. Eu não a compreendo", respondeu Diogo Lacerda Machado, na comissão de inquérito à TAP, quando questionado pela deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, se conhecia o pagamento de 55 milhões de euros a David Neeleman para sair da companhia aérea e se sabia qual a sua razão.
Em 2020, quando a TAP voltou à esfera do Estado, na sequência do auxílio devido aos problemas causados pela pandemia, Lacerda Machado era administrador não executivo da TAP, cargo que deixou em abril de 2021, e a companhia aérea era tutelada pelo então ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos.
Na opinião de Lacerda Machado, com a alteração provocada pela pandemia de covid-19 e subsequente auxílio estatal, "todos os acordos e contratos feitos até então perderam sentido".
"O meu entendimento é que o acordo parassocial não vigorava mais, a alteração tão radical das circunstâncias, no meu entendimento levou a que todo o capital investido na TAP até então tenha sido perdido. Na minha opinião o acordo parassocial não valia mais", explicou o advogado.
Lacerda Machado, amigo de longa data de António Costa, foi durante algum tempo uma espécie de consultor especial do primeiro-ministro para dossiês complexos, como o da TAP. A ajuda começou por não ser remunerada, mas passou a ser paga.
Lacerda Machado negociou com os privados da TAP a recompra da companhia pelo Estado, negócio que defende com unhas e dentes.
A vida de Lacerda cruza-se com a da TAP em vários momentos: quando a companhia comprou a unidade manutenção do Brasil, quando foi negociada a recompra e quando entrou para a Administração como não executivo, função que abandonou antes do fim do mandato.