João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis
MANUEL DE ALMEIDA

Terminado

TAP: o futuro e as polémicas

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

Ouvido na comissão de inquérito à TAP, João Leão disse que "desconhecia" a indemnização paga a Alexandra Reis. O ex-ministro das Finanças afirmou ainda que os antigos presidentes da TAP deviam ter comunicado à tutela a vontade de substituir a administradora.

Todo o direto

Liveblog chega ao fim

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

SIC Notícias

Este liveblog termina aqui. Obrigada por nos ter acompanhado!

Única verba que Estado suportou para assegurar controlo foram 55 milhões de euros

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

Lusa

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

SIC Notícias

O ex-ministro das Finanças, João Leão, garantiu que a única verba que o Estado suportou para assegurar o controlo da TAP em 2020 foram os 55 milhões de euros pagos a David Neeleman pela sua participação.

Esta resposta de João Leão na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea surgiu depois de o PSD ter perguntado se tinha sido feito um pagamento de 11,9 milhões de euros relativos a prestações acessórias ao outro acionista privado do consórcio Atlantic Gateway, Humberto Pedrosa, com base em documentação a que a comissão tinha tido acesso.

"A única verba que o Estado suportou para assegurar o controlo da TAP foram 55 milhões de euros. [...] Está de forma transparente e clara no decreto-lei desde o primeiro momento. Não houve mais nenhuma verba que o Estado tenha suportado nesta dimensão", garantiu o ex-governante.

Na audição de Humberto Pedrosa na comissão de inquérito, o empresário disse que não tinha ficado com o valor das prestações acessórias e que não tinha 'chorado' o dinheiro que deixou na TAP.

Referindo-se a uma relação "sempre cordial" com Humberto Pedrosa, o ex-ministro das Finanças disse hoje que, do que se lembra em relação ao empresário português no âmbito daquelas negociações em 2020, "ele abdicava de tudo e ficava apenas com um euro da operação".

João Leão apontou ainda que, com a saída de David Neeleman, a empresa conjunta desapareceu e "teve de haver reafetações entre os investidores, que não dizem respeito ao Estado".

Na segunda ronda de questões os deputados voltaram a abordar a questão dos fundos Airbus, que permitiram à Atlantic Gateway capitalizar a TAP com 226,75 milhões de euros, no âmbito da privatização de 2015.

João Leão reiterou que não sabia dos fundos Airbus e que, a ser verdade que a operação envolveu um desconto comercial na troca da encomenda de aviões e que essa verba ficou para o acionista privado, parece-lhe haver "uma dimensão em que são lesados os interesses legítimos da TAP SA".

"Parece-me ser uma apropriação ilegítima, a ser verdade, por parte do investidor privado de uma verba que pertence a uma empresa que não é exclusivamente dele", realçou.

Chairman e CEO deviam ter comunicado vontade de substituir Alexandra Reis

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

Lusa

O ex-ministro das Finanças, João Leão, disse que os antigos presidentes da TAP deviam ter comunicado à tutela a vontade de substituir a então administradora Alexandra Reis, para se convocar uma assembleia-geral, o que não aconteceu.

"Diria que a responsabilidade mais acrescida era da CEO [presidente executiva] da TAP. [...] Para se demitir um administrador tem que ser convocada uma assembleia-geral da empresa, em que o acionista Estado é representado via Ministério das Finanças", respondeu João Leão ao deputado André Ventura, do Chega, na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea.

O deputado insistiu várias vezes em perguntar ao ex-governante, que estava em funções quando Alexandra Reis saiu da TAP com uma indemnização de 500.000 euros, em fevereiro de 2022, se o administrador financeiro, Gonçalo Pires, devia ter comunicado aquele pagamento ao Ministério das Finanças.

Antes, em resposta à deputada do PS Vera Braz, João Leão disse que só teve conhecimento da saída de Alexandra Reis da TAP depois da desvinculação, quando o então secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, o chamou à atenção para o comunicado que a companhia aérea enviou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em que apontava que a administradora renunciava para abraçar novos desafios.

"Questões dessa natureza têm a ver com o Conselho de Administração de uma empresa e quem tem responsabilidades de liderança é a CEO da empresa. [...] Devia ter sido comunicado, não há nenhuma razão para uma questão desta natureza [não ser comunicada], aliás, a substituição de um administrador tem sempre de ser feita com conhecimento do acionista [Estado]. O 'chairman' e a CEO da TAP tinham de fazer a ponte com a tutela", sublinhou o ex-ministro.

Já sobre a privatização que está a ser preparada, João Leão disse que houve sempre a consciência por parte do Governo, quando começou a ser preparado o plano de reestruturação da companhia aérea, que era importante estar integrada num grupo de aviação, para poder ser competitiva.

"Penso que era partilhado dentro do Governo que era importante a determinada altura [...] que se começasse a ouvir potenciais investidores privados interessados e que a TAP fosse, ainda que parcialmente, privatizada. [...] Penso que nunca se escondeu essa vontade", referiu.

Ex-ministro sem certezas sobre se plano de reestruturação era classificado

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

SIC Notícias

André Ventura questiona se os documentos do plano de reestruturação da TAP eram classificados, João Leão responde: “Penso que não, mas eram de reserva”.

“Eram documentos aprovados pela Comissão Europeia, um documento que tem reserva que não pode ser na sua integralidade tornado público”.

O líder do Chega vai mais longe e questiona quem tinha acesso aos documentos do plano de reestruturação da TAP no Ministério das Finanças, ao que o ex-ministro responde que “para além do ministro das Finanças e do secretário de Estado do Tesouro, os assessores que estavam diretamente afetos ao dossier da TAP”.

Sabia da indemnização a Alexandra Reis? "Desconhecia em absoluto"

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

SIC Notícias

André Ventura, do Chega toma agora a palavra e interroga se o ex-ministro das Finanças tinha conhecimento do valor da indemnização pago a Alexandra Reis, ao que João Leão respondeu que “desconhecia em absoluto o pagamento”.

“Os principais intervenientes do processo, quer a TAP, quer as infraestruturas disseram que não comunicaram ao Ministério das Finanças e teriam todo o interesse em fazê-lo”, considera João Leão. Os argumentos ganham ênfase quando o ex-ministro indica que o próprio relatório das Finanças indica que o Ministério das Finanças não foi informado na altura.

André Ventura alarga a pergunta para: “quando estava a exercer o cargo de ministro teve conhecimento de indemnizações de outras pessoas que terão saído da TAP”.

João Leão foge à pergunta e depois diz que “não se recorda”.

PSD acusa Governo de mentira, mas João Leão rejeita

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

SIC Notícias

Hugo Carneiro pergunta por que razão o Governo “mentiu” nas razões de saída de João Gameiro, que é um antigo administrador financeiro da TAP.

O ex-ministro das Finanças demonstra-se desconfortável com a associação a “mentira” e esclarece que na origem da saída estava “grande stress, a nível pessoal” do administrador.

“Estava numa situação de stress e ansiedade. Demitiu-se por esse motivo, de forma educada”.

O deputado recorda que Gameiro “renunciou” e que o Governo disse que saiu “por motivos pessoais e imprevisíveis”, sugerindo incompatibilidade, mas João Leão entende que “é compatível”.

“Estamos em países diferentes”, respondeu Hugo Carneiro, acrescentando que “qualquer português pode tirar as conclusões”.

Quem indicou 55 milhões de euros destinados a David Neeleman?

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

SIC Notícias

O tema de discussão passa para o valor de David Neeleman recebeu na altura em que saiu da TAP. O deputado do PSD interroga-se quem tomou a decisão de serem precisamente 55 milhões de euros?

O Estado tinha duas opções, ou chegava a acordo com os acionistas privados da TAP ou fazia uma nacionalização forçada da TAP e tínhamos decretos de lei preparados para os dois cenários.

“Não sei se têm consciência do que é um processo negocial bilateral em que não há mais partes envolvidas”, indica João Leão expondo as dificuldades no processo de negociação.

“Existe um referencial máximo e mínimo”, sendo que este valor máximo “podia vir a ser reclamado pela acionista privado (David Neeleman), que começou a exigir valores muito mais elevados”, nomeadamente, na ordem dos 200 milhões de euros.

Sentido que João Leão está a adotar uma posição de “professor”, ao explicar o que é um processo negocial. O deputado do PSD reforça a sua posição dizendo “isto não é uma aula da teoria dos jogos, pergunto como é que chegaram ao valor dos 55 milhões de euros”.

Assim sendo, o acionista privado reduziu várias vezes o valor que exigia e o Estado manteve-se forte na sua posição.

O objetivo era fugir à nacionalização forçada de empresas privadas, que “teria custos reputacionais para o Estado”, esclarece João Leão.

“Também tem um interesse para o Estado e interesse público, o poder avançar com um processo muito exigente de um programa de reestruturação que seria muito mais exigente se o Estado tivesse em litígio com o principal acionista privado em tribunal”, afirma João Leão.

"O Governo fez uma negociação muito exigente através da sociedade de advogados em que foi pressionando o acionista privado para ir descendo muito estes valores", disse, sublinhando a importância de alcançar este acordo "numa lógica de defesa dos interesses do Estado".

O ex-ministro confirma que os 55 milhões de euros pagos a David Neeleman resultam de uma “negociação duríssima” por parte do Estado.

De acordo com o antigo ministro, estes 55 milhões que foram pagos a Neeleman correspondem à compra de 22,5% das ações (passando o Estado a ter o controlo da empresa), à "recalibragem dos direitos económicos" e depois às prestações acessórias.

Em 2020 os créditos não garantidos foram liquidados na íntegra?

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

SIC Notícias

O deputado do PSD, Hugo Carneiro, perguntou a João Leão “se em 2020, os créditos não garantidos, abrangidos pelo direito potestativo, foram liquidados na íntegra”.

Feita a questão, o ex-ministro pede para o deputado voltar a repeti-la. De seguida, respondeu “não”.

“Então qual foi o valor que, no final de 2020, persistia?”, perguntou o deputado social-democrata.

João Leão, confuso, não sabe a que créditos é que o deputado está a referir.

“Dívidas da TAP ao banco, tendo assegurado aos bancos que esses créditos não deixariam de ser honrados”, explica o deputado Hugo Carneiro, notando que Lacerda Machado, o ex-administrador da TAP, afirmou que tudo tinha sido “pago em 2020”.

No fundo, são os créditos que têm levado a que se diga que o “Estado ficou com a parte má, mas que o privado ficava sempre com a parte boa”.

João Leão não se recorda se foi tudo pago em 2020. Confusão instalada, o ex-ministro explica que o “Estado teve que honrar” os créditos aos bancos. Mas o deputado corrige dizendo que “Não o Estado, a TAP”.

O ex-ministro das Finanças não aceita e reforça que “o Estado fez a transferência para a TAP para assegurar os créditos”.

Qual o papel do ex-ministro das Finanças na relação com TAP?

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

SIC Notícias

As intervenções passam agora para o deputado do PSD, Hugo Carneiro, que começa por dizer que “não sabe muito bem qual é o papel” do ex-ministro na relação com a TAP.

“A ideia que fica é de uma pessoa inacessível que não está disponível para tratar dos assuntos urgentes da TAP”, indicou avançando com o termo “fantasma”.

Em sua defesa, João Leão avança que estava dedicado no meio da pandemia às grandes questões. Havia colapso financeiro não só da TAP, das grandes empresas públicas.

“Como era a sua relação com Pedro Nuno Santos?”

O ex-ministro das Finanças é questionado sobre a sua relação com o ministro das Infraestruturas, na altura.

“A nossa relação foi bastante produtiva e correu bastante bem. Cada um estava focado na sua área e tínhamos de debater em conjunto”, indica referindo-se à relação de ambos no âmbito de trabalhos da TAP.

Os dois Ministérios mantiveram “um diálogo produtivo e eficaz que garantiu a aprovação do plano de reestruturação”, tornado a TAP “uma empresa sustentável” e que traz “um contributo para a nossa economia”, concluiu.

Após as declarações de João Leão, o deputado do PSD remata apontando que a diretora-geral do Tesouro e Finanças disse que a relação da direção-geral do Tesouro e Finanças disse que em termos de TAP, "nunca estivemos muito envolvidos" com João Leão quando ocupava o cargo de ministro.

A direção-geral do Tesouro e Finanças não integrava o grupo de trabalho que participava na preparação do Plano de Reestruturação da TAP, “claro que ajudava depois a acompanhar todos os processos”, esclarece o ex-ministro das Finanças.

João Leão desconhecia fundos Airbus e admite dificuldade em perceber operação

João Leão diz que "desconhecia" indemnização paga a Alexandra Reis

SIC Notícias

O ex-ministro João Leão disse esta terça-feira não ter tido conhecimento da capitalização da TAP através dos fundos Airbus, admitiu dificuldade em perceber a operação e, a confirmar-se o desconto comercial, em enquadrá-la em termos legais.

"Não tive nenhum conhecimento desse processo e enquanto fui ministro [das Finanças] nunca me foi comunicado que isso tivesse ocorrido", respondeu João Leão à deputada do PS Vera Braz, na comissão de inquérito à TAP, relativamente aos chamados fundos Airbus, que permitiram à Atlantic Gateway capitalizar a companhia aérea na privatização feita em 2015.

Em causa está o negócio do ex-acionista privado David Neeleman com a fabricante de aviões para capitalizar a companhia aérea no valor de 226,75 milhões de euros, que tem suscitado dúvidas quanto à legalidade e o conhecimento que os decisores políticos tinham dele.

"Tenho muita dificuldade em perceber essa operação, não conheço os detalhes, terá havido uma auditoria que identificou eventualmente irregularidades. [...] A ser verdade, não consigo enquadrar em termos legais e lesa os interesses da TAP", acrescentou o ex-ministro, que assumiu a pasta das Finanças em junho de 2020, após ter sido secretário de Estado do Orçamento entre novembro de 2015 e aquela data.

Saída de David Neeleman

Questionado sobre a saída de David Neeleman com o pagamento de 55 milhões de euros, o PS questiona se João Leão esteve envolvido nesta negociação.

“Essa negociação envolveu o Governo” foi uma negociação intermediada por uma sociedade de advogados, que apoiou a decisão do Governo, explica o ex-ministro.

Desta negociação resultou uma decisão que originou depois um decreto-lei divulgado pelo Governo há três anos, apontou João Leão.

Com isto, João Leão considera que esta negociação “não é uma novidade agora”. Na altura, os responsáveis governamentais “explicaram o contexto” em que foi tomada a decisão “e o racional para esse valor”.