“O plano de reestruturação permitiu salvar a TAP”
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

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TAP: o futuro e as polémicas

“O plano de reestruturação permitiu salvar a TAP”

Na comissão de Economia, o ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse que o plano de reestruturação “permitiu salvar a TAP” e explicou a saída de David Neeleman da companhia aérea. Houve também muitas críticas ao Governo PSD/CDS.

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Obrigada por nos ter acompanhado nesta primeira audição a Pedro Nuno Santos

Pedro Nuno discorda de Lacerda Machado e diz que ME Brasil não foi bom negócio

“O plano de reestruturação permitiu salvar a TAP”

Lusa

“O plano de reestruturação permitiu salvar a TAP”
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

O ex-ministro Pedro Nuno Santos discorda "com humildade" da opinião do ex-administrador da TAP Diogo Lacerda Machado sobre a ME Brasil, considerando que não foi um bom negócio para a companhia e levou à perda de muito dinheiro.

Na audição foi confrontado com a posição de Lacerda Machado sobre o negócio da manutenção no Brasil que, na mesma comissão, defendeu há quase um mês que "foi de longe o melhor investimento que a TAP fez em 50 anos".

"É com humildade que eu discordo da ideia e da afirmação de que o negócio da VEM foi o melhor negócio de sempre, nos últimos 50 anos da TAP. E não concordo porque, ao dia de hoje, quase um terço da intervenção pública que nós estamos a fazer é por conta da ME Brasil", diz, começando por sublinhar o conhecimento de Lacerda Machado sobre o mercado da aviação.

Lembrando que foi perdido "muito dinheiro na ME Brasil", o antigo ministro referiu que, "ao dia de hoje", preferia que se tivesse "conseguido voar para o Brasil sem ter a VEM por causa do custo que acabou por representar para a TAP e que é evidente para todos".

"Reputo de credível a ideia de que a compra da VEM permite alavancar credibilidade ao Estado português e a Portugal, junto do governo brasileiro e que isso possa ter ajudado a TAP a ganhar mais direitos de viagem com o Brasil. Admito isso, mas eu diria que as principais razões para o nosso crescimento no Brasil são, desde logo - isto se calhar é uma grande asneira, mas vou arriscar - foi o encerramento da VARIG", defende, considerando que "havia um espaço para ocupar".

Pedro Nuno Santos aproveitou este tema para devolver críticas ao PSD, referindo que nos quatro anos de governação - entre 2011 e 2015 - "não fez nada para resolver o problema da VEM".

"Quando tomámos posse herdamos a TAP e a ME Brasil dentro da TAP. A ME Brasil encerra com este Governo", refere, esclarecendo que não foi por imposição da Comissão Europeia.

O ex-ministro admitiu que este "não tenha sido um bom negócio para a TAP", reiterando não ser "um especialista do setor da aviação".

"Acho que foi muito importante a TAP ter-se libertado da ME Brasil", defende, apesar de assumir que no momento em que a empresa foi comprada a intenção "tivesse sido a melhor".

Ao longo da audição - e apesar da insistência dos partidos da oposição - Pedro Nuno Santos mantém sempre a linha que traçou no início e deixou de fora todas as perguntas relativas à sua saída do Governo, ou seja, à polémica indemnização à ex-administradora Alexandra Reis.

Quanto ao contributo da TAP para o país, Pedro Nuno Santos refere que a empresa pagou, nos últimos 10 anos, 300 milhões de euros por ano em impostos e contribuições, tendo o deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco respondido que todas as empresas fazem aquele tipo de pagamentos.

"É verdade, mas para isso elas têm de existir", aponta o ex-ministro. "Se se perde a empresa, não há cá impostos pagos, senhor deputado", reiterou, acrescentando que "é claro", pelo menos para "muita gente", que a TAP não seria substituída rapidamente por outra companhia aérea, ou por uma que mantivesse a dimensão que tem.

Já sobre o plano de reestruturação que ainda está a ser executado na TAP, que implicou despedimentos e cortes salariais, Pedro Nuno Santos lembrou que sempre defendeu que o documento fosse discutido no parlamento.

"Ninguém quis, com exceção de um partido. Todos tínhamos ganho com isso", argumenta.

As cartas conforto e o PS

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

Começa por responder ao PSD, após uma ronda de perguntas seguidas e, assim, dirige-se ao deputado Paulo Moniz.

Esclarece que se tiram conclusões precipitadas, neste caso no que diz respeito às cartas conforto, tema que já foi bastante debatido e contradito em anteriores audições, especialmente na do socialista Pedro Marques.

“As cartas conforto, se não tivesse havido PS pelo meio, teriam resultado na compra da empresa por parte do Estado, como havia ainda 141 milhões de euros que ainda não tinham sido refinanciadas, o Estado obrigado a si próprio a comprar a TAP e ficava responsável por toda a dívida contraída pela gestão privada”, esclarece Pedro Nuno Santos.

Começa a terceira e última ronda da audição

“O plano de reestruturação permitiu salvar a TAP”
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

TAP: Pedro Nuno Santos não faz "juízos sobre tempo e modo" da próxima privatização

O ex-governante garantiu que não ia abordar matérias de opinião, tanto nesta audição, como na da próxima semana na comissão de inquérito, mas repetiu o que defendia enquanto ministro: a TAP não conseguirá sobreviver se não se integrar num grupo de aviação.

TAP: Pedro Nuno Santos rejeita que plano de reestruturação tenha sido um desastre

A líder bloquista Mariana Mortágua questionava o ex-governante sobre os despedimentos e cortes salariais aplicados na companhia aérea, no âmbito da reestruturação que acompanhou a injeção de 3.200 milhões de euros.

"O Governo conseguiu que a TAP fosse lucrativa a partir de 2022"

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

As respostas do ex-ministro Pedro Nuno Santos arrastam-se por muito tempo, o que impede com que a ronda seja concluída com tudo respondido. No entanto, ainda houve tempo para explicar o porquê da intervenção em 2020 na companhia aérea e os benefícios que, desde aí, a TAP tem dado.

“Nunca dissemos que íamos fazer aquela intervenção em 2020 porque queríamos ter a empresa 100% pública, fizemos porque ou intervencionamos a TAP ou ela fechava”, explica

Isto sucedeu-se, segundo Pedro Nuno Santos, porque o “privado não tinha vontade de injetar dinheiro próprio na empresa”, e esclarece que a razão nunca foi ter uma empresa 100% pública.

Da mesma forma, o ex-ministro admite que pode ter havido um erro da sua parte a passar a mensagem quando expôs que a TAP está a devolver desde o dia em que foi intervencionada.

Para o antigo membro do Executivo, a TAP tem contribuído muito para o dinheiro público.

“Desde logo, estamos a falar de uma empresa que paga em contribuições fiscais e à segurança social 300 milhões de euros por ano. Em 10 anos, em média, se a TAP pagar em média 300 milhões de euros, o Estado recebeu três mil milhões de euros da TAP”, esclarece.

Para Pedro Nuno Santos, a TAP contribui para o país de “maneiras diferentes”:

  • suportando o setor do turismo
  • com compras superiores a mil milhões de euros a empresas nacionais
  • dando lucro

“O Governo português conseguiu que a TAP começasse a devolver em 2022, deixou de ser um peso e começou a ser lucrativo”, diz.

Para além disso, em resposta à nova líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, o ex-ministro explica a forma e o plano que fez com que houvesse uma intervenção pesada na companhia e justifica que “tinha de ter cortes profundos e tinha de haver sacrifícios”

“Era impossível nós conseguirmos apresentar um caso com uma poupança significativa sem mexermos na estrutura de custos laborais”, conclui.

Estado não podia injetar dinheiro na TAP sem "negociar plano de restruturação em Bruxelas"

“O plano de reestruturação permitiu salvar a TAP”

Filipa Traqueia

Pedro Nuno Santos sublinha que a atuação do Estado numa empresa não se compara com a de um privado. Enquanto o acionista privado “pode injetar dinheiro na sua empresa”, o Executivo, para o fazer, tem de “negociar um plano de restruturação em Bruxelas”, o que implica fase “sacrifícios”

“Criámos a ideia que a TAP foi uma empresa que foi sempre recebendo dinheiro do estado, quando durante 20 anos a TAP não recebeu nada”, afirma.

A TAP era "uma empresa que já estava vendida"

“O plano de reestruturação permitiu salvar a TAP”

Filipa Traqueia

Na segunda ronda de perguntas, Pedro Nuno Santos voltou a repetir que o pagamento a David Neeleman resultou de uma negociação que tinha como objetivo evitar um conflito judicial que “poderia garantir” ao então CEO da TAP “ganhos nos termos dos direitos de saída”.

Para o ex-ministro, esta questão serviu como “balizas para nortear a negociação feita”.

“A litigância era o pior que podia acontecer à TAP”, afirma.

Pedro Nuno Santos lembrou que, quando o processo de negociação começou, a TAP era “uma empresa que já estava vendida”, ou seja, “o proprietário da empresa exigiu contrapartidas”.

O objetivo do Governo era “recuperar o controlo sob a empresa”, reafirma o antigo ministro, sublinhando que “esse objetivo foi concretizado”.

Pedro Nuno Santos diz que apoio à TAP não obrigava devolução do dinheiro injetado

“O plano de reestruturação permitiu salvar a TAP”

Lusa

“O plano de reestruturação permitiu salvar a TAP”
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, insistiu que o mecanismo de apoio à TAP não obrigava à devolução do dinheiro injetado, acrescentando que ainda não havia "uma plena visão do que seria a evolução da pandemia".

"O dinheiro não iria ser devolvido aos portugueses e falava-se de empréstimo. Empréstimo, auxílio de emergência, aquele era o mecanismo, era o modelo. Chama-se empréstimo. Mas nós sabíamos todos. Mas quem é que o negou?", questionou, de forma retórica, o antigo governante na audição de Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.

Pedro Nuno Santos acrescentou que na altura da injeção do dinheiro o Governo não tinha "a plena visão do que seria a evolução da pandemia", mas que havia a noção de que "uma parte considerável daquele empréstimo teria de ser convertida em capital".

De acordo com o ex-ministro das Infraestruturas, a companhia aérea portuguesa encontrava-se numa situação "absolutamente desequilibrada" em matéria de capitais próprios e de dívida.

"Tínhamos uma empresa encharcada em dívidas, tínhamos uma empresa com capitais próprios negativos, e obviamente que a consequência normal é que parte desses empréstimos seja utilizado para limpar, como se costuma dizer, o balanço, para reforçar capitais próprios", vincou, em resposta à Iniciativa Liberal (IL).

Nesse sentido, invocou a posição defendida pela IL e pelo secretário de Estado de Estado, Infraestruturas, Transportes e Comunicações aquando da privatização, Sérgio Monteiro, "que era pôr dinheiro no privado com uma garantia pública".

"Porque é que a opção do Governo português não foi um empréstimo com garantia pública a 100%, como tenho ouvido, de forma irresponsável, algumas pessoas aqui defenderem, como se a situação da TAP, na altura da pandemia, fosse a mesma da situação da Lufthansa", concluiu o ex-ministro.