As reações ao relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, apresentado esta quarta-feira, não se fizeram esperar e chegaram de todas as direções. O primeiro-ministro afirmou que o Governo “está tranquilo e descansado” e diz aguardar pelas conclusões finais “para saber se há alguma outra consequência política a retirar”. Já a oposição teceu várias críticas.
BE: “Não é muito diferente se tivesse sido feito por Galamba ou Costa”
O BE considerou que o relatório preliminar da comissão de inquérito à TAP "não é muito diferente" do que teria sido escrito pelo primeiro-ministro ou pelo ministro das Infraestruturas, apontando uma omissão incompreensível.
"Na nossa opinião, o relatório não é muito diferente daquilo que teria escrito se tivesse sido feito por João Galamba ou pelo primeiro-ministro, tal é a forma como retira de cima da mesa uma parte relevante dos acontecimentos que tiveram lugar na comissão parlamentar de inquérito", defendeu o líder parlamentar do BE.
Pedro Filipe Soares adiantou que o BE irá apresentar propostas de alteração ao relatório, sublinhando que cada conclusão será votada em separado.
PCP: relatório à medida de uma privatização
O PCP afirmou que o relatório preliminar da comissão de inquérito à TAP foi desenvolvido para "defender e justificar" a privatização da companhia e criticou que não tenham sido retiradas consequências do incumprimento do estatuto do gestor público.
"Aquilo que podemos começar por sublinhar é que a proposta de relatório da comissão de inquérito, sem surpresas, é um texto desenvolvido para tentar justificar e defender a privatização da TAP", afirmou o deputado do PCP Bruno Dias em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Bruno Dias defendeu que "aquilo que o relatório verdadeiramente ignora e esquece de substancialmente importante" é o "impacto, as consequências e os resultados da privatização" da companhia aérea.
PSD: "Tentativa de salvar novamente aquilo que já não tem salvação"
O PSD anunciou que vai votar contra o relatório da comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, contestando a conclusão de que não houve ingerência política na empresa, e apresentar as suas próprias conclusões por escrito.
Estas decisões do PSD foram anunciadas aos jornalistas na Assembleia da República pelo deputado social-democrata Paulo Moniz, após a conferência de imprensa de apresentação da versão preliminar do relatório, da autoria da deputada do PS Ana Paula Bernardo.
Paulo Moniz acusou o PS de não ter resistido à tentação de fazer um documento "à medida" para que não haja conclusões políticas a tirar desta comissão parlamentar de inquérito por parte do primeiro-ministro, António Costa.
O deputado do PSD apontou também este relatório como uma "tentativa de salvar novamente aquilo que já não tem salvação no Governo do doutor António Costa", referindo-se concretamente ao ministro das Infraestruturas, João Galamba.
IL: “Estamos perante uma obra de ficção que contraria a realidade”
O líder da IL adiantou que o partido não vai apresentar propostas de alteração ao relatório preliminar da comissão de inquérito à TAP por não querer "participar em farsas", classificando o documento como "obra de ficção".
Em declarações aos jornalistas no parlamento, Rui Rocha defendeu que o relatório foi feito "contra a realidade, contra a própria Assembleia da República" e "contra os próprios portugueses".
"Há uma diferença brutal entre aquilo que é dito no relatório e o que os portugueses puderam acompanhar ao longo de dias, de semanas e, portanto, há aqui uma total mistificação. Estamos perante uma obra de ficção que contraria a realidade e o que os portugueses sabem", criticou.
Chega: relatório é um “frete ao Governo” que precisa de uma "alteração profunda"
O Chega considerou que o relatório preliminar da comissão de inquérito à TAP é um "frete ao Governo" e anunciou que vai propor uma "alteração estrutural profunda", apelando ao PS que tenha "um arrepio de consciência".
O presidente do Chega anunciou que o grupo parlamentar vai propor "uma alteração estrutural profunda a este relatório, que seja capaz de identificar responsáveis, de criar a narrativa dos factos tal como eles aconteceram e, sobretudo, que cumpra a lei e que expresse aquilo que foi dito e analisado na comissão de inquérito".
"Ainda acreditamos, não obstante o embaraço, a farsa, a falta de vergonha que isto releva, que o PS pode ter um arrepio de consciência, a que nós apelamos, para que isto não saia assim para o país porque eu acho que isto envergonha-nos a todos", defendeu André Ventura.