Antes da privatização em 2015, a TAP já tinha encomendado aviões A350. Com David Neelman a estratégia muda, já que queria apostar mais nos Estados Unidos. E para isso, preferia A330 e A320neo.
A Inspeção-Geral de Finanças constatou que cinco meses antes da companhia ser privatizada e a uma semana de assinar a intenção de compra, já David Neelman tinha fechado um memorando com a Airbus para trocar os 12 aviões encomendados por 53 novos. Em troca de 226 milhões de euros.
Sabe-se agora que a Airbus fez o negócio depender do empresário norte-americano. Só ia permitir a troca se, a privatização da TAP avançasse e se fosse ele o comprador. Por isso avançou dinheiro, que teria obrigatoriamente de ser investido na TAP, através da Atlantic Gateway.
Sem David Neelman, a fabricante de aviões não permitia à companhia aérea mexer no contrato dos A350, nem cedê-lo a terceiros. Deixa isso claro numa carta enviada na altura a David Neelman, a que o semanário Expresso teve acesso. O documento explica em detalhe a operação que viria a ser conhecida anos mais tarde como a dos 'Fundos Airbus'.
Na carta que foi enviada pouco depois à Parpública e ao Governo, a Airbus pede que a informação não seja pública. Admite que sabia que a TAP estava com problemas de liquidez e em risco de incumprimento.
A carta não consta do relatório da Inspeção-Geral de Finanças, que investigou as contas da companhia aérea. Segundo o Expresso, a IGF não pediu contraditório a todas as partes. Pediu à Parpública, que respondeu, e à TAP que não se quis pronunciar.
Não terá confrontado David Neelman, Humberto Pedrosa, nem os responsáveis políticos.