Tensão EUA-Irão

Arcebispo iraquiano pede resolução pacífica do conflito entre os EUA e o Irão

Bashar Warda relembra as consequências trágicas das guerras sofridas na região.

Iraninos participam numa cerimónia para enterrar remanescentes de 150 "mártires" da guerra com o Iraque
Iraninos participam numa cerimónia para enterrar remanescentes de 150 "mártires" da guerra com o Iraque
Wana News Agency

O arcebispo de Erbil, no Iraque, Bashar Warda, apelou ao fim da escalada de tensão entre os Estados Unidos e o Irão, face às "consequências trágicas" de uma guerra para a região.

Em mensagem divulgada hoje pela Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), o prelado alerta que "a escalada de tensão entre Teerão e Washington não deve crescer para que o risco de uma guerra não volte a incendiar o Iraque, deitando por terra todo o esforço de recuperação e reconstrução que tem vindo a ser realizado após a derrota dos jihadistas do Daesh em 2017".

O pedido de contenção do arcebispo de Erbil foi feito após Teerão ter ordenado o ataque, com mísseis, a duas bases militares norte-americanas no Iraque, uma delas em Erbil, no Curdistão iraquiano.

O ataque, na madrugada de quarta-feira, não terá provocado vítimas, segundo o próprio Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, na quarta-feira, anunciou novas sanções económicas contra o Irão.

O agudizar do conflito entre Estados Unidos e Irão aconteceu no início do mês, com a morte, num ataque realizado com recurso a um drone, do general iraniano Qassem Soleimani.

"O Iraque sofre guerras por procuração desde há décadas"

Bashar Warda, na mensagem enviada à Fundação AIS, lembra que o Iraque "tem vindo a sofrer guerras por procuração desde há décadas", sublinhando que a mais recente terminou em maio de 2017, com a derrota do autoproclamado Estado Islâmico.

"Desde então, a nossa arquidiocese tem vindo a trabalhar com outros líderes da igreja, agências cristãs, agências humanitárias, governos e ONG, para ajudar a reconstruir as comunidades fragmentadas em Mossul e na Planície de Nínive", frisa o arcebispo iraquiano, considerando que, também por isso, é necessário que a guerra não regresse.

"As pessoas estão cansadas da guerra e das suas consequências trágicas. Sofreram demais e não podem mais enfrentar um futuro desconhecido. Precisam de ter certezas, segurança, esperança e de acreditar que o Iraque pode ser um país pacífico para se viver, em vez de ser vítima de danos colaterais sem fim", acrescentou.