O presidente da Associação para o Desenvolvimento Integrado Beira Serra (ADIBER), Miguel Ventura, afirmou à agência Lusa que a criação de animais, sobretudo cabras e ovelhas, é para os habitantes das aldeias "a única forma de ter produtos e mais rendimentos" e que o fogo "queimou tudo o que era pasto e palha".
Ainda hoje chegará a Góis um camião fornecido pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro carregado de palha, afirmou, indicando que outros agricultores também ofereceram ajuda.
A associação que dirige está a percorrer as aldeias das várias freguesias onde o incêndio de Góis provocou estragos, e de onde várias pessoas foram retiradas por precaução, apesar de nenhuma casa ter ardido e de não haver danos pessoais.
Miguel Ventura salientou que há, por parte dos habitantes, receio do que as próximas chuvas possam fazer, arrastando todas as cinzas que cobrem o solo, que vão parar aos cursos de água, e toda a madeira morta.
"É tempo de começar a pensar na recuperação do património rural", disse, apontando a perda de vegetação, de oliveiras, de colmeias como efeitos do fogo que até hoje de manhã esteve fora de controlo.
Os prejuízos ainda não se conseguem calcular, mas os habitantes estão "resignados porque não é a primeira vez que acontece".
"O fogo é assassino e destruidor, a nossa pequena economia local e rural ficou dizimada. Como é que se podem fixar pessoas no interior quando ciclicamente se sofre deste flagelo?", questionou.
Miguel Ventura disse esperar que a "fatalidade" que marcou os últimos dias no centro do país, com 64 mortos no concelho de Pedrógão Grande, "desperte o olhar de quem de direito". "Não foi só Góis ou o Pedrógão Grande que perderam, foi Portugal que perdeu", declarou.
O concelho de Góis conta para se desenvolver com o turismo e, depois de um fogo devastador, "as pessoas ficam com receio de vir", lamentou.
À administração central pede "confiança nos atores locais" como a associação que dirige: "nós não andamos por cá só quando há catástrofes", remata.
Lusa