Violência doméstica

Violência doméstica: nos últimos 20 anos mais de 680 mulheres foram assassinadas em Portugal

O número foi lembrado durante uma homenagem às vítimas, no Porto, onde foi deixado um apelo para que se denuncie este crime público.

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Em cada fita está o nome da vítima, o local e a data em que foi assassinada. A maioria das vezes o agressor é o atual ou antigo companheiro. São 681 mortes em 20 anos.

“Infelizmente estes dados mostram-nos a urgência de olharmos para esta temática com a devida diligência, ou seja, olharmos para este crime como um crime que é grave e um crime que principalmente é possível de ser prevenido principalmente nas circunstâncias em que existe denúncia prévia ou conhecimento por parte de alguém como familiares, amigos, colegas de trabalho de que existe uma situação de violência”, diz Cátia Pontedeira, investigadora do observatório de mulheres assassinadas da UMAR. 
“É um crime público, mas na maioria das vezes passa-se dentro de quatro paredes e nós, enquanto cidadãos, temos o dever de participar às autoridades e de proteger estas mulheres também”, explica Raquel Teles, técnica de apoio à vítima da UMAR. 

A instalação ficará uma semana na junta de freguesia do Bonfim, no Porto, e pretende lembrar que é possível evitar mais mortes e mudar o curso destas histórias de violência. A UMAR pede que a justiça valorize mais as ameaças de morte. 

“Estes números são muito alarmantes por isso tem de haver uma mudança. É urgente esta mudança acontecer quer a nível do Estado português, quer a nível da justiça porque é muito importante que a justiça seja mais célere na aplicação de medidas de coação porque muitas destas mulheres já tinham apresentado denúncia e não houve a aplicação de qualquer medida de coação até à ocorrência do homicídio”, diz  Raquel Teles. 

Para quem está num contexto de violência, existe uma linha nacional de apoio 24 horas por dia, todos os dias, totalmente confidencial. Só este ano, até 25 de novembro, foram assassinadas 25 mulheres em Portugal. 20 foram feminicídios, ou seja, motivados por questões de género. Em 6 casos, já havia queixa feita às autoridades.