Um grupo de académicos moçambicanos apela à reflexão sobre o sistema político do país, na sequência das eleições que estão a motivar grande revolta popular.
Em declarações à SIC, José Jaime Macuane , especialista em ciência política e um dos subscritores do manifesto cidadão “Fazer de Moçambique um País seguro para a Cidadania”, afirma que as crises pós-eleitorais se transformaram num “problema crónico” em Moçambique.
“Sabemos muito bem que a cada fim do ciclo eleitoral há sempre uma crise. É mesmo um problema profundo e infelizmente até agora ainda não encontramos uma solução sustentável.”
O manifesto assinado por economistas, juristas, jornalistas e investigadores apela à reflexão “ampla e profunda” sobre “questões de liberdades” e desenvolvimento socioeconómico.
“O objetivo é o país, a sociedade de uma forma geral, encontrar um fórum, no caso uma conferência nacional, em que possa refletir sobre os grandes problemas que entravam o nosso desenvolvimento”, aponta José Jaime Macuane.
“Havendo o espaço efetivo para a cidadania, a sociedade terá os fundamentos necessários para poder refletir sobre os seus grandes desafios.”
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições de Moçambique dos resultados das eleições presidenciais de 9 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo - Frente de Libertação de Moçambique (partido no poder desde 1975), espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
As manifestações lançaram o caos na capital, Maputo, e pelo menos três pessoas foram mortas e 66 ficaram feridas durante confrontos entre manifestantes e a polícia.
Venâncio Mondlane diz que os protestos vão continuar até que seja reposta a verdade eleitoral e prometeu anunciar esta segunda-feira a quarta fase de contestação nas ruas que, garante, vai ser “extremamente dolorosa”.