Violência em Moçambique

Caos em Moçambique: população forma milícias para defender os bairros

Com a insegurança instalada em Moçambique, depois de 1.500 detidos terem fugido da prisão, a população está a organizar-se em milícias e brigadas armadas. A última noite foi marcada por tiroteios nos bairros periféricos.

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Há um clima de medo instalado em Maputo, depois de dias de protestos violentos com barricadas, saques e vandalismo que regressaram à capital de Moçambique na sequência do anúncio, esta segunda-feira, dos resultados finais das eleições de outubro, que confirmaram a contestada vitória da Frelimo, o partido no poder.

A situação agravou-se com a fuga da prisão, quarta-feira, de 1.500 detidos, dos quais apenas 150 foram capturados. Perante o sentimento de insegurança, a população está a organizar-se em brigadas armadas e a noite foi marcada por tiroteios nos bairros periféricos.

Desde as eleições, a violência já fez em todo o país mais de 250 vítimas mortais, metade nos últimos dias. Mais de 500 pessoas foram baleadas. Os hospitais estão no limite e a morgue do Hospital Central de Maputo esgotou a capacidade.

Com a maioria do comércio encerrado, há filas nos poucos supermercados abertos, mas sobretudo nas bombas de gasolina.

Guterres quer calma, Mondlane pede mais protestos

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, apelou aos líderes políticos moçambicanos que acalmem as tenções. O Presidente moçambicano eleito, Daniel Chapo, também pede unidade e o fim da violência no país.

A partir do exílio, onde se encontra por questões de segurança, Venâncio Mondlane, o candidato presidencial derrotado, já garantiu que as manifestações não vão parar e anunciou uma nova fase de protestos a partir do início de janeiro.

Mondlane pediu aos apoiantes que "intensifiquem" os protestos, mas apelou a que evitem a destruição de bens públicos e privados.