De acordo com Jean-Paul Troadec, citado pela AFP, a segunda caixa negra com o
registo áudio do "cockpit" está inteira e pelo aspeto exterior "tudo
está correto e em bom estado".
A primeira caixa negra tinha
sido recuperada no domingo pelos investigadores franceses.
"Se
for possível ler os dois registos, poderemos compreender o que se
passou" com o Airbus A330 da Air France que se despenhou no Atlântico a
1 de junho de 2009, causando 228 mortos, disse Troadec.
O Escritório de Investigações e Análise para a Aviação Civil (BEA), que
investiga as causas do acidente do avião da Air France em 2009, espera retirar
os dados da caixa negra em duas semanas, divulgou hoje a imprensa brasileira.
O voo AF 447 da Air France (Airbus A330), que fazia o trajeto Rio de
Janeiro-Paris, desapareceu dos radares na noite de 31 de maio de 2009 com 228
pessoas a bordo e somente cerca de 50 corpos foram encontrados, pouco depois do
acidente.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a caixa negra do avião
encontrada no domingo apresenta "bom estado físico", o que eleva as
possibilidades de que as informações técnicas do voo tenham sido preservadas.
No início de abril, depois de uma nova operação de buscas, a entidade
francesa anunciou ter localizado a zona do acidente, estando o avião a 3.900
metros de profundidade, a norte da última posição conhecida da aeronave,
acrescentando que havia corpos entre os destroços.
Na última
sexta-feira, o BEA já havia anunciado ter localizado o chassi do FDR, mas sem o
principal módulo, que protege o gravador.
"Se os dados puderem
ser explorados, isso vai nos permitir avançar na investigação porque o FDR
regista, durante o voo, a velocidade e as diferentes posições do
manche", especificou Troadec.
Em Paris, Jean-Baptiste
Audousset, presidente da Associação Francesa de Famílias de Vítimas, saudou a
localização da primeira caixa negra, definindo a descoberta como "muito
encorajadora", mas pediu cautela.
"É preciso continuar
prudente e esperar para ver em que condições o gravador poderá ser
explorado", sublinhou Audousset.
No Brasil, o presidente da
Associação de Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho, defendeu,
mais uma vez que, a caixa negra encontrada pelo BEA seja analisada por
um "país neutro", para garantir a ampla divulgação de todas as
informações sobre os últimos momentos antes do acidente.
Marinho apelou
para que, apesar da descoberta da caixa negra, continuem as buscas dos restos
mortais.
"A prioridade deles é somente a caixa negra e os corpos
são desprezados", criticou.
Segundo Nelson Marinho, a
continuidade das buscas dos corpos dependerá de uma decisão da Justiça francesa.
Lusa