Mundo

Sarkozy rejeita acusações de Strauss-Kahn 

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, rejeitou  hoje a acusação de Dominique Strauss-Kahn de que teria sido ele o causador  da sua ruína política e instou-o a explicar-se à justiça. 

GUILLAUME HORCAJUELO

"Respeito profundamente a presunção da inocência, mas quando se é acusado  daquilo de que ele é acusado, e quando se tem um mínimo de dignidade, tem-se  o pudor de estar calado e de não juntar mais à indignidade", disse Sarkozy  numa ação de campanha e perante milhares de apoiantes. 

O presidente e candidato à segunda volta das presidenciais afirmou que  "durante todos os episódios escandalosos, vergonhosos, de Nova Iorque, de  Lille, do Carlton, do Pas-de-Calais" a direita republicana e o centro político  fizeram questão de "não se misturar, de não utilizar, de não comentar". "Mas que em plena campanha eleitoral, (...) Strauss-Kahn se ponha a  dar lições de moral e a dizer que eu sou o único responsável por tudo o  que lhe aconteceu, já é demais!", indignou-se Nicolas Sarkozy, ironizando:  "François Hollande chamou para ajudá-lo uma garantia moral de peso, Dominique  Strauss Kahn. Só faltava ele para a família estar completa". 

Sarkozy disse ainda a Strauss-Kahn que se explique perante a justiça  e "poupe os franceses aos seus comentários". 

Numa entrevista ao jornal britânico "The Guardian", Dominique Strauss-Kahn  acusou os seus adversários políticos de terem usado as acusações de abuso  sexual contra si para enfraquecer a sua candidatura às presidenciais francesas,  citando pessoas "ligadas a Nicolas Sarkozy". "Talvez tenha sido ingénuo no plano político, mas simplesmente não acreditava  que eles fossem tão longe (...) não pensei que pudessem encontrar alguma  coisa capaz de me travar", afirmou Strauss-Kahn, antigo candidato socialista  às eleições presidenciais francesas, em entrevista ao jornal 'The Guardian".

O jornalista Edward Epstein, que conduziu a entrevista e que escreveu  um livro sobre o caso de abusos sexuais de que Strauss-Kahn foi acusado  em Nova Iorque, refere que o antigo diretor-geral do Fundo Monetário Internacional  (FMI) não citou nomes, mas que se referia aos "agentes" do presidente francês,  Nicolas Sarkozy, candidato à reeleição. 

De acordo com o 'The Guardian', Strauss-Kahn não acredita que os factos  que ocorreram no hotel Sofitel, em Nova Iorque, tenham sido fabricados,  mas considera que as consequências do caso foram "orquestradas por pessoas  que tinham uma agenda política". 

Aos 62 anos, Straus-Kahn era o principal candidato a enfrentar Nicolas  Sarkozy nas presidenciais deste ano, quando a acusação de violação por Nafissatou  Diallo, empregada de quarto num hotel de Manhattan, acabou por levá-lo à  prisão. 

O candidato socialista às presidenciais francesas, François Hollande,  teve a maioria dos votos na primeira volta e as sondagens apontam para a  sua vitória dobre Sarkozy na segunda volta, este domingo. 

 

     

Lusa