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Hollande e Sarkozy endurecem discurso na reta final para as presidenciais de 6 de maio 

François Hollande e Nicolas Sarkozy endureceram  hoje o tom do discurso, ao entrarem na reta final da campanha, que tem na  quarta-feira um frente-a-frente crucial para o resultado das presidenciais  francesas de 6 de maio. 

© Vincent Kessler / Reuters

"Nunca um escrutínio decidirá tanta coisa ao mesmo tempo em França e  na nossa União Europeia. Em todo o lado nos esperam!", declarou hoje François  Hollande. Em Toulouse, Nicolas Sarkozy apelou aos seus concidadãos para "terem  orgulho de serem franceses", numa resposta "aos estalinistas do século XXI"  que o acusam de retomar os temas da extrema-direita. "Não quero deixar a França diluir-se na globalização", acrescentou o  chefe de Estado francês aos seus apoiantes.  

O ponto alto desta semana será o debate televisivo na próxima quarta-feira,  o primeiro e único confronto direto entre os dois homens desde 2005. "A avaliar pelo tom e o fundo da campanha, o debate será áspero. Estou  pronto!", afirmou hoje Hollande. "François Hollande vai ter que fazer o que ele detesta: ser franco!",  lançou, pelo seu lado, Nicolas Sarkozy, que surge nesta campanha como o  "challenger" face ao seu rival, antecipado nas sondagens como o sétimo presidente  da V República (criada em 1958), com 54 a 55 por cento das intenções de  voto.  

O tom endureceu nos últimos dias entre os dois candidatos. O resultado  histórico da extrema-direita na primeira volta, com cerca de 18 por cento  dos sufrágios, levou Sarkozy a tomar como suas várias propostas de Marine  Le Pen, líder da Frente Nacional.  

A viragem à direita no discurso de Sarkozy, nomeadamente em matéria  de segurança e de imigração, tem sido fortemente criticada pela esquerda  e por várias fações apoiantes do presidente-candidato.  "Não haverá ministros da Frente Nacional, não haverá acordo com a Frente  Nacional, eles não farão parte da maioria", defendeu-se Sarkozy, afirmando  sentir "subir a mobilização" de uma forma como "nunca" testemunhou em toda  a sua vida política. "Haverá uma participação massiva", afirmou.  

Entretanto, dois assuntos irromperam na campanha, as acusações do antigo  diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn (DSK), e as suspeitas de financiamento  ilegal pelo regime do antigo ditador líbio Muammar Kadhafi da campanha presidencial  de Sarkozy em 2007.  

O diário britânico The Guardian publicou o que apresentou como uma entrevista  de Strauss-Kahn ao jornalista norte-americano Edward Epstein, na qual DSK  acusa os seus adversários de se servirem do caso no Hotel Sofitel em Nova  Iorque para fazerem abortar a sua candidatura a estas presidenciais.   

A divulgação desta entrevista motivou uma acesa troca de acusações entre  a esquerda e a direita e o próprio Sarkozy considerou que Strauss-Kahn "deveria  ter pudor e estar calado".  Mas os socialistas também não se sentem confortáveis com a associação  a Strauss-Kahn. A candidata socialista às presidenciais de 2007 e antiga  companheira de François Hollande, Ségolne Royal, deixou apressadamente  uma festa de aniversário no sábado quando soube que o ex-diretor do FMI  também tinha sido convidado.  

Instigado pelas hostes de Sarkozy a "caucionar ou a denunciar" a presença  de várias personalidades socialistas na festa, François Hollande considerou  apenas que Strauss-Kahn "já não faz parte da vida política francesa" e "não  há qualquer forma de voltar a ela". 

Quanto ao segundo caso que está a dar que falar nesta fase da campanha,  o "site" Mediapart publicou um documento em que deu conta de um "acordo  de princípio" de Tripoli para financiar até 50 milhões de euros a campanha  presidencial de Nicolas Sarkozy em 2007.  

 O "site" noticioso não revela que o financiamento aconteceu efetivamente,  mas Sarkozy denunciou a "infâmia" e acusou o Mediapart de ser "um meio ao  serviço da esquerda".  

 

     

Lusa