"Os islamitas acabam de destruir a entrada da mesquita Sidi Yahia de Timbuktu" situada no sul da cidade, "derrubaram a porta sagrada que nunca se abria", afirmou uma das testemunhas, informação que foi confirmada por outros habitantes da cidade.
A porta em madeira situada no lado sul da mesquita de Sidi Yahia está fechada há décadas porque, segundo as crenças locais, a eventual abertura traria azar. Esta porta conduz a um túmulo de santos e se os islamitas soubessem, "teriam partido tudo", referiu uma testemunha.
Depois dos mausoléus de santos, os islamitas do Ansar Dine ameaçaram este fim de semana atacar as mesquitas da cidade, afirmando agir "em nome de Deus" e em represália contra a decisão da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) de 28 de junho de inscrever a cidade de Timbuktu na lista do património mundial em perigo.
A mesquita de Sidi Yahia faz parte de três grandes mesquitas de Timbuktu com as Djingareyber e Sankoré, joias da arquitetura que testemunham o apogeu da cidade.
As três mesquitas fazem parte da lista de património mundial da UNESCO.
A Associação dos líderes religiosos do Mali condenou "o crime de Timbuktu".
A UNESCO considerou que a presença dos islamitas punha em perigo a vila mítica de Timbuktu, designada como a "cidade dos 333 santos".
O procurador do Tribunal Penal Internacional Fatou Bensouda declarou no domingo em Dacar que a destruição de bens religiosos em Timbuktu podia ser considerada como "crime de guerra" passível de ser levado a julgamento.
Os islamitas de Ansar Dine, bem como os do Movimento para a Unidade e a jihad na África Ocidental (MUJAO), aliados da Al-Qaida, aproveitaram um golpe de Estado em Bamako, a 22 de março, para acelerar a tomada de controlo em todo o norte do Mali e impor a sharia (lei islâmica) em todo o território do Mali.
Lusa