A advogada de Carlos, Isabelle Coutant Peyre, anunciou hoje ter enviado na segunda-feira o recurso para o Tribunal de Estrasburgo, justificando que considera que o processo ficou viciado pelo roubo de um relógio antigo do tribunal por um dos juízes, o que, na sua opinião, desvirtuou o veredicto.
"Os magistrados só pensavam nisso", afirmou Coutant Peyre à agência noticiosa espanhola EFE em alusão ao roubo, que foi divulgado dias depois de ser conhecida a condenação.
"O que o presidente fez é muito grave" ao não comunicar às partes durante as audiências que tinha desaparecido um relógio de pêndulo antigo e que os juízes do Tribunal Criminal de Paris que julgavam Sanchez "eram todos suspeitos", até que se descobriu que o ladrão era um suplente, acrescentou.
A advogada de Carlos minimizou a importância do autor do roubo ser um suplente, alegando que era um magistrado como os outros e insistiu que nesse contexto os juízes "não podiam concentrar-se no processo" e acabaram por "decidir rapidamente" a sentença.
Para a defesa, isso violou a norma que garante o direito a um julgamento justo por um tribunal independente e imparcial.
Carlos foi julgado como responsável por um grupo terrorista que cometeu quatro atentados mortais em França em 1982 e 1983. O tribunal impôs o cumprimento de uma pena mínima de 18 anos antes de poder obter qualquer benefício na prisão.
A advogada considera que no próximo dia 15 de agosto faz 18 anos que o seu cliente está em prisões francesas, depois de ter sido capturado no Sudão, numa operação dos serviços secretos e poderá então sair da cadeia. "Basta que o presidente (venezuelano) Hugo Chavez peça a sua libertação a França", afirmou.
Ilich Ramirez Sanchez já tinha sido condenado em 1997 a prisão perpétua pelo assassínio em Paris, em 1975, de dois agentes secretos franceses e de um informador.
Em outubro de 2009, recorreu, sem êxito, para o Tribunal de Estrasburgo para evitar ser julgado pelos atentados de 1982 e 1983.
Lusa