Mundo

Portugal apoia elevação de estatuto da Palestina a Estado observador não-membro da ONU

O governo português apoia a declaração da Palestina como Estado observador não-membro das Nações Unidas. Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros esclarece que votou a favor, na Assembleia Geral da ONU, porque defende um Estado palestiniano independente e que viva em paz com Israel . Depois de conhecido o resultado, centenas de pessoas saíram para as ruas da Faixa de Gaza para festejar.

Loading...

O voto favorável de Portugal para elevação  do estatuto da Palestina nas Nações Unidas respeita a posição histórica  do país e é um apoio à liderança palestiniana do presidente Mahmoud Abbas,  disse hoje o embaixador português na ONU.  

Na sua declaração de voto, após a aprovação pela Assembleia-Geral, por  larga maioria, de uma resolução elevando o estatuto palestiniano para 'Estado  observador não-membro' dentro da organização, o embaixador Moraes Cabral  apelou também a um regresso à mesa das negociações. 

Portugal, disse, sempre defendeu o "direito inalienável do povo palestiniano  à autodeterminação", através do estabelecimento de um estado soberano, e  fê-lo a nível bilateral e na União Europeia, onde desde o início defendeu  um voto positivo. 

"Em veracidade com estas posições de longo prazo votamos a favor da  elevação do estatuto da Palestina", declarou o diplomata, na sua curta intervenção  na Assembleia-Geral, tendo ao seu lado o número dois da missão, João Maria  Cabral, e atrás de si outros diplomatas. 

A resolução teve o voto favorável de 138 Estados participantes na Assembleia-Geral  da ONU, nove contra e 41 abstenções. 

O voto português, disse Moraes Cabral, é "também um reconhecimento do  Presidente  da Autoridade Palestiniana Mahmoud Abbas e do primeiro-ministro Salam  Fayyad e do seu compromisso inabalável para com o diálogo e resolução  pacífica do conflito".  

Saudou ainda o esforço destes líderes palestinianos, "para preparar  o povo palestiniano para ter um Estado" e a declaração de Abbas hoje na  Assembleia-Geral, comprometendo-se com um processo de paz negociado.  

"Na nossa visão, rejeitar a violência e escolher canais diplomáticos  são condições fundamentais para alcançar a paz", adiantou o diplomata português.

O objetivo final, afirmou, deve ser um acordo pacífico e abrangente  "na base da solução de dois Estados" tendo em vista diversos instrumentos  internacionais e resoluções do Conselho de Segurança.  

Com a decisão, Portugal espera "um ímpeto muito necessário ao processo  de paz" passando necessariamente por negociações diretas.  

"Instamos as partes a retomar as negociações sem demoras ou pré-condições",  disse Moraes Cabral.  

"A comunidade internacional deve agora fazer todos os esforços para  assegurar uma retoma rápida de negociações credíveis tendo em vista uma  solução final que torne realidade a solução de dois estados independentes",  e assegurando uma Palestina "soberana, viável e contígua" e Israel "em paz  e segurança", na base de fronteiras pré-1967.  

Em nota divulgada em Lisboa, o ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou  a elevação do estatuto palestiniano de forma "expressiva", comprometendo-se  a continuar a "trabalhar empenhadamente" com os parceiros da União Europeia  e outros para apoiar os esforços de "retoma e conclusão célere das negociações  de paz entre Israel e a Palestina".