Mundo

Tribunal espanhol deixa "sem efeito" declaração da infanta Cristina como arguida 

A Audiência Provincial de  Palma de Maiorca deixou hoje "sem efeito" a declaração da infanta Cristina,  filha do rei Juan Carlos, como arguida no processo conhecido como Nóos, no qual é acusado o seu marido. 

(AP/ Arquivo)
ASSOCIATED PRESS

A decisão hoje comunicada num auto em Palma de Maiorca reverte a decisão  do juiz instrutor do caso Nóos, José Castro, que em abril constituiu a infanta  Cristina arguida no processo. 

Na decisão hoje conhecida está um voto particular de um dos magistrados,  Juan Jiménez, que se considera a favor da declaração da infanta Cristina.

O procurador anticorrupção espanhol Pedro Horrach tinha apresentado,  no início de abril, um recurso contra a decisão do juiz que investiga o  processo que envolve o genro de Juan Carlos, Iaki Urdangarin. 

Caso se tivesse mantido como arguida, Cristina de Bórbon seria ouvida  na sua qualidade de coproprietária da empresa Aizóon e de dirigente da Fundação  Nóos, num processo que envolve a alegada apropriação indevida de fundos  públicos.  

A declaração da infanta como "imputada" (figura equivalente a arguida  em Portugal) surgiu depois de outro dos arguidos no processo, Diego Torres,  ex-sócio de Urdagarin, ter apresentado novos correios eletrónicos que, alegadamente,  vinculam a filha do rei com a empresa. 

Apesar de o processo decorrer há vários meses, a procuradoria espanhola  considera até agora não haver indícios de envolvimento da infanta nas atividades  diárias da Fundação Nóos, pelo que optou por nunca a considerar arguida.

Neste caso, a decisão de constituir a filha do rei como arguida foi  tomada apenas pelo juiz. 

Os vários correios tornados públicos por Torres - o sétimo lote divulgado  - incluem mensagens trocadas entre Cristina e o seu marido, que a consulta  sobre várias gestões que pretendia realizar à frente do Instituto Nóos.

No passado dia 23 de fevereiro, em tribunal, Iaki Urdangarin negou  que a sua mulher tivesse qualquer relação com os negócios do Instituto Nóos,  desmentindo também o envolvimento da Casa Real. 

"Declaro que a família real não deu o seu parecer, recomendou, autorizou  ou apoiou as atividades que eu realizava no Instituto Nóos", disse no tribunal  de Palma de Maiorca, onde foi ouvido durante cerca de quatro horas, segundo  a agência noticiosa espanhola Efe. 

O antigo campeão olímpico, de 45 anos, casado com a filha mais nova  do rei de Espanha, Juan Carlos, é suspeito de ter desviado vários milhões  de euros de fundos públicos através do Nóos, uma sociedade de patrocínios  à qual presidiu entre 2004 e 2006. 

  Lusa