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Polícia sem balas de borracha em protesto contra aumento de transportes em São Paulo

O secretário de Segurança Pública  brasileiro anunciou hoje que a polícia de São Paulo não terá balas de borracha  e que a tropa de choque não estará presente na manifestação de hoje contra  o aumento dos transportes públicos.

(Arquivo)
© STRINGER Brazil / Reuters

Fernando Grella fez o anúncio após uma reunião com líderes do Movimento  Passe Livre (MPL), que tem organizado os protestos contra o aumento dos  preços dos transportes públicos na capital paulista, noticiou hoje a Agência Brasil. 

O responsável acrescentou, contudo, que embora a Tropa de Choque da  Polícia Militar não esteja presente, estará de plantão, caso haja necessidade  de intervir. 

Apesar da garantia de não-utilização de balas de borracha, os agentes  policiais poderão utilizar gás lacrimogéneo, 'spray' de pimenta e bombas  de efeito. 

O secretário de Segurança Pública garantiu ainda que haverá maior diálogo  entre a liderança dos movimentos e o comando da PM e que estará em contacto  com o comandante-geral sobre as decisões tomadas na rua. 

Participaram na reunião, que durou uma hora e meia, três representantes  do MPL e três representantes do Ministério Público, além de elementos de  movimentos religiosos. 

Segundo Grella, ficou assente que o trajeto a ser feito hoje pelos manifestantes  será definido pouco antes do início da concentração, que ocorrerá no Largo  da Batata, na zona oeste da capital, às 17:00. 

"Ficou acertado que a divulgação do trajeto será apenas no local da  saída do movimento", disse o responsável. 

De acordo com o promotor de Justiça, Urbanismo e Arquitetura, Maurício  Ribeiro Lopes, o cumprimento do acordo entre a liderança dos movimentos  e o comandante da Polícia Militar vai ser acompanhado pelo promotor de Justiça  Mário Malaquias.  

Quanto à ocupação da Avenida Paulista, questão que terá intensificado  o conflito entre agentes da PM e manifestantes durante o último protesto,  ficou combinado que ela poderá ser ocupada, embora o Ministério Público  não concorde. 

"O Ministério Público ponderou a preservação da Avenida Paulista, por  se tratar de uma artéria que liga a 30 hospitais da cidade. A liderança  também ficou de ponderar sobre isso", declarou. 

Mayara Vivian, que faz parte da liderança do MPL, disse que a manifestação  de hoje será pacífica. 

"A Secretaria de Segurança Pública se comprometeu de que não haverá  repressão, de que a PM não vai repetir o cenário de guerra que a gente teve.  Garantiu que não haverá prisões preventivas, como a gente teve nos outros  atos", sublinhou. 

Nas últimas quatro manifestações contra o aumento dos preços dos bilhetes  de autocarro em São Paulo, houve confronto entre polícia e manifestantes.

O último protesto e o mais intenso, realizado a 13 de junho, terminou  com 15 jornalistas feridos, segundo o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo,  vários deles por balas de borracha da polícia. 

Para a manifestação de hoje, a Associação dos Repórteres Fotográficos  e Cinematográficos de São Paulo (Arfoc-SP) está a preparar o uso de coletes  identificados para a imprensa, para evitar que os profissionais sejam atingidos  de novo. 

 

Lusa