"O tipo de reação dependerá do tipo de resposta. Por isso, queremos uma resposta formal por escrito ainda esta semana, para ser avaliada", declarou Luiz Alberto Figueiredo Machado, durante uma conferência de imprensa em Brasília.
O ministro, que falou aos jornalistas juntamente com o titular da Justiça, Eduardo Cardozo, realçou que as escutas "são inaceitáveis" entre dois países que possuem uma relação estratégica, como é o caso dos Estados Unidos e do Brasil. "Se a violação de sigílo chega ao ponto de atingir a presidência, o que não dizer de cidadãos brasileiros e de empresas que trabalham em território nacional", afirmou Cardozo, para quem, caso as escutas se comprovem, estará configurada uma "violação de soberania".
Segundo uma reportagem da TV Globo divulgada no domingo, os EUA espionaram especificamente as comunicações da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e do homólogo mexicano, Enrique Pea Nieto, de acordo com documentos dos serviços secretos norte-americanos.
O documento informa que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) buscava "uma melhor compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores" de Rousseff e dos seus colaboradores.
Rousseff organizou uma reunião de trabalho no domingo para analisar a questão e hoje convocou um encontro interministerial, com a presença dos titulares das Comunicações e da Justiça, entre outros.
O ministro das Relações Exteriores, Figueiredo Machado, reuniu-se hoje de manhã com o embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon. Denúncias anteriores de escutas levaram o ministro da Justiça brasileiro, Eduardo Cardozo, aos Estados Unidos para discutir o tema, mas as autoridades dos dois países não chegaram a um acordo. O mesmo ocorreu quando o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, esteve no Brasil e defendeu o uso da espionagem contra o terrorismo.
Por seu turno, Figueiredo Machado negou-se a sobre a viagem da Presidente Dilma Rousseff a Washington prevista para outubro. Segundo o ministro, a questão será levada a organismos internacionais, como a ONU, inclusive na área de direitos humanos, e a outros parceiros, tanto países desenvolvimento como desenvolvidos. "Temos de ter uma governança internacional que proíba a exposição dos cidadãos e dos governos a escutas, à violação de seus dados, à falta de segurança de sua privacidade, a ataques cibernéticos", declarou o ministro.
Lusa