"Noventa e oito por cento das comunicações da América Latina para o resto do mundo, incluindo mensagens de texto, chamadas telefónicas, correios eletrónicos, etc, passam pelos Estados Unidos", disse Assange numa entrevista à televisão russa RT a partir da embaixada do Equador em Londres, onde está refugiado desde junho de 2012.
O objetivo dos Estados Unidos é "obter informação sobre como a América Latina se comporta, para onde se movem as transferências financeiras e as atividades dos líderes e atores chave", acrescentou.
Na opinião de Assange, essa espionagem "permite aos Estados Unidos prever, de alguma forma, o comportamento dos líderes e os interesses latino-americanos, assim como chantagear qualquer pessoa importante".
Os Estados Unidos, afirmou, "tentaram agressivamente impedir trocas económicas através da intervenção e controlo da Swift, Visa e Mastercard do dinheiro enviado para a América Latina através do Bank of America".
Sobre o ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos Edward Snowden, exilado na Rússia depois de ter revelado a espionagem maciça de comunicações pelos serviços secretos norte-americanos, Assange afirmou que o Wikileaks esteve "envolvido, de maneira formal e informal, nos pedidos de asilo de Snowden a cerca de 20 países". "Em alguns casos, porque pensávamos que havia uma possibilidade real, noutros porque queríamos que o público visse que havia uma recusa em abrir um determinado debate público e que havia testemunhos de como os governos se estavam a comportar", disse.
Entre as ações de espionagem reveladas pelo ex-analista informático da NSA figuram as escutas a governantes da América Latina como a presidente do Brasil, Dilma Roussef, que chegou a adiar uma visita oficial a Washington prevista para 23 de outubro por considerar insuficientes as explicações do homólogo norte-americano, Barack Obama.
Julian Assange, responsável pela divulgação no 'site' Wikileaks de milhares de telegramas diplomáticos secretos dos Estados Unidos, está refugiado na embaixada equatoriana em Londres para evitar ser deportado para a Suécia devido a acusações de crimes sexuais, que nega.
Assange receia ser extraditado da Suécia para os Estados Unidos, que querem julgá-lo pela divulgação de documentos secretos.
Lusa